Vivemos um tempo que que se superou, na escola, o recurso à reprovação. Ótimo. Vivemos um tempo em que a indisciplina na escola tem poucos precedentes no passado, o que inclui a banalização da violência contra o professor. No meu ponto de vista, as duas coisas estão ligadas.
Com a retirada do poder de punição que o professor dispunha através da reprovação, parte importante da sua autoridade também foi retirada. Isso não democratizou a escola, porque democracia não é ausência de ordem (embora não seja qualquer ordem que vá significar democracia). A apatia é generalizada, em parte porque tanto faz se o aluno estuda ou não, se o professor ensina bem ou não. O resultado é essencialmente o mesmo.
Escreveu-se em nome da democracia, um novo capítulo da filhocracia, que precisa ser repensado. Retirando-se a punição, retira-se a recompensa. Estimula-se a contravenção, já que os valores não são claros ou conseqüentes, e isso transborda para a sociedade.
A recompensa deve ser dar menos tempo de aula para quem vai bem, encerrando o período letivo mais cedo para estes, mantendo-o para os demais, com tratamento especializado, por mais tempo. E reprovando, sim, quem não mostra disposição de aprender, pois esses desafiam - não só com a atitude, mas com seu exemplo - o sistema que sustenta a idéia de que é preciso esforçar-se e aprender. Estou falando do "vagabundo", não de quem tem dificuldades de aprendizagem, e o professor minimamente experiente logo distingüe um do outro. COm essa medida, o aluno esforçado é premiado, o aluno relapso é punido, a reprovação é último recurso e quem tem dificuldades de aprender.
Se os pais dos alunos não podem ter os filhos em casa antes do tempo, se cabe ao Estado mantê-los na escola, nada mais certo que ampliar o corpo docente contratando professores que possam orientar leitura, promover lazer e atividade físicas, criar oportunidades de criação e fruição de manifestações culturais em geral.
É isso mesmo, educação de qualidade não se resolve com boa vontade: custa caro mesmo!