domingo, 28 de março de 2010

Não queremos definir o Brasil como uma nação birracial...

... só queremos que a pessoa



também possa estar na universidade sem ser pega na armadilha que o vestibular se tornou. É isso que o Demétrio Magnoli, o Ali Khamel, a Yvonne Maggie também querem?

segunda-feira, 8 de março de 2010

KIT DO BRASILEIRO - A visão da classe média conservadora

Recebi a seguinte mensagem. No final, comento.

KIT DO BRASILEIRO

*Vai transar?*
O governo dá camisinha.

*Já transou?*
O governo dá a pílula do dia seguinte.

*Teve filho?*
O governo dá o Bolsa Família.

*Tá desempregado?*
O governo dá Bolsa Desemprego.

*Vai prestar vestibular?*
O governo dá o Bolsa Cota.

*Não tem terra?*
O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta.

*Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!*

"Trabalhe duro, pois milhões de pessoas que vivem do Fome-Zero e do Bolsa-Família, sem trabalhar, dependem de você"


Achei muito pouco solidária essa mensagem. Pago meus impostos e apoio os programas sociais, porque não é a caridade que reduz a pobreza (embora ela seja importante) mas políticas públicas bem pensadas, continuamente avaliadas e corrigidas e que passem de um governo a outro, para ter uma ação constante.

- A distribuição de camisinha tem reduzido a gravidez na adolescência e controlado a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis. O custo desses problemas sociais é MUITO maior que o custo da camisinha, ou das críticas pseudo-moralistas que fazem a esse programa. Seria interessante conhecerem os programas de vários sistemas de saúde, de redução de danos, em que se distribui seringas para quem quer se drogar. Assim, consegue-se acompanhar o drogado e ajudar na sua recuperação. Se os governos não dessem a seringa, a pessoa ia continuar se drogando, só que compartilhando seringa e espalhando outras doenças.

- Pílula do dia seguinte? O fato é que essa visão é dominante nos sistemas de saúde pública e o pessoal da saúde do governo José Serra também distribui: http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=85780. Podemos discutir esse ponto, mas não tem nada a ver com fazer crítica leviana ao governo federal.

- Estudos sérios e independentes mostram que o bolsa-família é eficiente em combater a miséria e promover as pessoas, apesar de alguns erros, que são identificados e corrigidos (vide o recente cancelamentos de mais de 700 mil bolsas). Se quiserem, eu escaneio e envio artigos científicos sobre o tema.

- No contexto, a menção ao "bolsa-cota" e sua ilustração pode merecer um processo por discriminação. Os "cotistas" tiveram desempenho acadêmico superior aos não cotistas na UEPG em 2007, primeiro ano do programa. As maiores médias dos cursos de História, Odonto e Administração, por exemplo, foram de cotistas negros.

- Os movimentos de trabalhadores sem terra podem até ter uns excessos, mas é engraçado como a gente acha intolerável a violência de um sem-terra contra pés de laranja, mas não dá tanto "IBOPE" o assassinato e a tortura deles; só ser for uma freira norte-americana, que aliás apoiava a ocupação de terras. Na média, o MST e congêneres tem dado uma contribuição essencial à reforma agrária nesse nosso país de absurda concentração fundiária. E o governo não distribui terras de fazendas produtivas, são só as que o INCRA determina como improdutivas, ou que plantaram drogas, ou que praticaram trabalho escravo. Agora, a aposentadoria do trabalhador rural é da Constituição de 1988. Se querem deixar os velhilhos que trabalharam no campo sem aposentadoria porque não contribuíram para o sistema, é só mudar a constituição.
- Sobre os impostos, estudos demostram que os mais pobres pagam cerca de 50% de sua renda com impostos diretos e indiretos que incidem sobre os produtos que compram. A classe média paga menos que os mais pobres, proporcionalmente, apesar do senso comum. Se alguém quer realmente pagar poucos impostos, não se trata de não estudar e não trabalhar, mas de ser muito rico. Aí realmente pagará poucos impostos, ou nenhum.

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