domingo, 10 de julho de 2011

O ensino de história nos colégios militares

Preparei o texto que foi publicado aqui como posicionamento da ANPUH sobre esse problema.
Muitos, inclusive a burocracia do MEC, querem fazer crer que se trata de um problema ideológico e de liberdade de expressão. Queria saber a atitude do MEC quando escolas particulares fundamentalistas começarem a dizer que o sol gira em torno da Terra.
Dizer que o golpe de 64 foi uma revolução para salvar a democracia (acabando com ela) contra o comunismo não é só um discurso político retrasado e reacionário, é passar ao largo de toda a pesquisa histórica desenvolvida no país até hoje sobre o assunto. Corresponderia a um livro didático atual de ciências dizer que as doenças são causadas por vapores e miasmas em vez dos microorganismos, ou que a história da humanidade tem cinco mil e poucos anos, apenas, porque os livros religiosos não permitem o reconhecimento das evidências da paleontologia, e que temos que aceitar isso, porque cada um tem a sua versão dos fatos. Pior, esse argumento de quinta categoria faz com que a gente seja obrigado a aceitar neonazistas dizendo que não houve holocausto, afinal cada um tem a sua verdade, não é assim?

Oportunamente, os defensores de 64 viraram apóstolos do relativismo histórico, ou aquela ideia de que verdade é como escova de dentes, cada um com a sua. Um estranho pós-modernismo a favor da ditadura civil-militar: já que as evidências não ajudam mais o discurso da "Revolução", danem-se as evidências.

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