quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Corrupção e percepção da corrupção

"Nunca antes na história desse país... houve tanta corrupção", já vi escreverem por aí, parafraseando o Lula. Mas... Qual é o índice objetivo da corrupção de um país? Ora, ninguém sabe nem nunca vai saber, afinal a corrupção existe sem ser detectada publicamente. Então, o índice poderia ser quantos casos de corrupção foram descobertos num dado intervalo de tempo. Mas aí o índice seria o de combate à corrupção, ou a taxa de denúncias de corrupção, não da corrupção em si. Como vamos saber qual o tamanho da faixa submersa desse iceberg? Pode ser que a corrupção não descoberta seja proporcionalmente menor hoje do que em tempos em que ela era pouco denunciada, seja porque havia censura - como na época da ditadura civil-militar - seja porque a mídia grande estava alinhada politicamente com o governo de plantão.
Por isso, a Transparência Internacional trabalha com o índice de PERCEPÇÃO da corrupção.
Se eu fosse de um partido de oposição ou de um órgão da mídia grande (o que vem a dar no mesmo), não seria interessante dar a maior visibilidade possível a todas as denúncias de corrupção dentro da esfera de responsabilidade do meu adversário, enquanto poupo aquelas denúncias na esfera dos meus aliados? Assim eu aumento a percepção da corrupção das pessoas contra os meus adversários.

Então...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pôneis malditos!!!!

Mistura de propaganda televisiva regular com viral, mais musiquinha grudenta. Como técnica de fixar a marca, ótimo. Mas apela a que? Potência (hmmm), virilidade, agressividade, marcada pelo seu oposto, os pôneis de brinquedo infantil feminino.
Gostaria de conhecer uma estatística sobre quantas camionetes são usadas como instrumento de trabalho e quantas são apenas carros de passeio. Para que as pessoas precisam de motores de quase 200 cv para veículos que são, na maior parte do tempo, carros de passeio? Para diferenciação, ou seja, para mostrar que não estão apenas se deslocando com carro próprio, mas se diferenciando da gentalha que o faz com carros populares, ou, pior ainda, da escumalha que não tem o prazer de pagar - ou sonegar - IPVA.
Mas, vovó, porque estes carros tão grandes? Tá precisando compensar alguma coisa muito pequena?
Na visão de quem é tomado pelo desejo estimulado pela propaganda, ir de bicicleta, então, é o máximo do fracasso pessoal. E lá se vão galões e galões de combustível, quilos e quilos de CO2 para a atmosfera, para que quem tem dinheiro se diferencie. E o aquecimento global? Ora, vamos todos morrer mesmo, o que importa é viver o agora...
Que foi? Não queria que eu colocasse o comercial original para ajudar a Nissan a ter mais acessos, não é?
Num outro video, reforçando o apelo à virilidade, o pônei diz que a maldição transforma um macho num sujeito sensível. Não é uma propaganda voltada para as mulheres, concorda? O Mundo Livre S.A. explica (e ironiza) muito bem essa ligação entre carro e sexo no universo masculino hegemônico (e, por que não, no feminino também).

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