(Esse post é parte das atividades da disciplina de Fundamentos Sócio-Antropológicos da Educação, do Mestrado em Educação da UEPG)
Conversamos que pode ser que a questão que motiva essa grande síntese de D.R. (por que o Brasil ainda não deu certo) não se coloque desse modo. Não "dar certo" pode ter significado a única alternativa de sobrevivência coletiva diante das condições impostas para colonizadores e colonizados. Mas se aceitamos que ainda falta o Brasil realizar suas potencialidades, a resposta é bem parecida com aquela que Sérgio B. de Holanda (em Raízes do Brasil) aponta, ou seja, o Brasil nunca existiu em função de seu povo; pelo contrário, existiu para "gastar gente" fazendo girar o mecanismo que alimentou o mercado mundial e enriqueceu as elites locais, culturalmente voltadas para a Europa e de costas para seu povo. D.R. indica que as grandes cidades coloniais e imperiais, os grandes intelectuais e artistas brasileiros de nada valeram, em comparação com os Estados Unidos (a "América"), para que o Brasil "desse certo" afinal no século XX, porque nada disso era expressão do povo ou voltado a beneficiá-lo e engrandecê-lo.
Por outro lado, o povo precisa negar sua "ninguemdade", assumir-se e valorizar-se. Mas ainda não há em D.R. a mesma perspectiva que há em S.B.H. de que nos realizamos quando esse povo tomar o poder, independentemente das classes médias e da intelectualidade. Penso que D.R. vê a oposição entre povo e não-povo, colocando-se no primeiro polo, enquanto podemos entender que intelectualidade e a classe média não têm expressão em si, sendo pendentes para apoiar ou o povo, ou as elites. Como o usual é apoiar - e querer ser como - a elite, a perspectiva é que o povo tem que fazer-se, sem precisar ou mesmo apesar da classe média e dos intectuais. Essa seria a perspectiva nascida nos anos 70, nas Comunidades Eclesiais de Base, no Novo Sindicalismo e na esquerda comunista não-ortodoxa, por sinal as três bases do surgimento do PT (do qual Sérgio B. de Holanda e Paulo Freire foram fundadores).
4 comentários:
Segundo o professor de literatura da UERJ, João Cezar de Castro Rocha, comentando o livro Outras Visões do Rio de Janeiro Colonial de Jean Marcel C. França, "o brasileiro é mais do que um desterrado em terra própria. Ao que parece, o Brasil é do pau-brasil e não dos brasileiros. O brasileiro é o estrangeiro do Brasil".A citação ficaria mais clara se acrescentássemos à ela a palavra "povo".O Brasil ainda merece ser reconhecido com uma identidade nacional e popular...
Po falar em povo aproveito e sugiro a leitura de uma crônica de Luís Fernando Veríssimo sobre o povo brasileiro na visão das elites e que representa a antítese do pensamento de Sérgio Buarque de Hollanda e Darcy Ribeiro.
http://elusion-pedion.blogspot.com/2007/08 fora-povo-de-luis-fernando-verissimo.html
O povo brasileiro, aquele que se olha no espelho e não se vê, é mais estranho e contraditório do que se possa imaginar. Na verdade, na frente do espelho, se acha um europeu. Ele ler a biografia do Pelé e postula que "com o brasileiro não há quem possa". Ler Carlos Drumond de Andrade e lhe concede um prêmio Nobel de literatura. Entretanto, quando os jornais divulgam os índices negativos, educação, saúde, renda per capita, sempre o país se encontra na penúltima posição. -Perde para a Bolívia, diz no jornal!Então, a figura que aparece no brilho do espelho já não é mais um brasileiro, e sim: um português, a quem culpa por tudo!
Bando de comunista
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