Outros mundos possíveis.
Blog de opinião e divulgação científica, desde meu
microcosmo, a UEPG, às questões de
interesse geral, de um ponto de vista
interessado no ensino de História,
Educação em geral, consciência histórica,
cultura política e transformação social.
Comente esse post com suas considerações sobre os textos de Ortiz.
11 comentários:
mestrandos UEPG
disse...
Os textos do autor Renato Ortiz buscam conceituar e situar os termos diversidade universal e cultura, numa perspectiva sócio-histórica. Para tal, cita diversos autores, entre eles: Habermas, Hegel, Marx, Durkheim, Weber, Kant, entre outros. No texto “Anotações sobre o universal e a diversidade” apresenta os referidos temas numa perspectiva filosófica, sociológica e antropológica, através das quais problematiza, entre outros aspectos, a globalização e a mundialização. Para Ortiz, universal e diversidade são termos polissêmicos. Em nome do respeito à diversidade, ocultam-se as relações de poder, sem questionar as desigualdades (diversos: sinônimo de riqueza). Assim, cultura, é entendida aqui, como patrimônio da humanidade enquanto valor universal. Já os textos “As Ciências Sociais e a Cultura” e “Estudos Culturais”, referem-se à mesma temática: como os conceitos de cultura popular, cultura nacional e cultura de massa (objetos das ciências sociais) se desenvolveram numa perspectiva histórica. Os textos fomentaram vários questionamentos no grupo, como: 1.De que modo podemos considerar a Educação na perspectiva problematizadora dos textos (atribuindo os conceitos cultura, diversidade, universal)? 2.Os textos apontam que os conceitos de Cultura de massa e Cultura popular nos EUA são convergentes. E na América Latina? 3.A partir da relação que faz Ortiz do desenvolvimento da sociologia e seu contexto, quais as implicações das importações de teorias e conceitos para o Brasil e suas implicações?
Acredito que os três textos, de forma geral, mostram que os conceitos variam conforme o contexto e a historicidade, portanto, não se aplicam na íntegra a qualquer objeto de estudo, os mesmos precisam ser reconstruídos de acordo com o mundo contemporâneo e ao local de estudo.
ANOTAÇÕES SOBRE O UNIVERSAL... Penso que uma vinculação importante neste texto é permitir compreender que o "universal" nas ciências humanas é uma construção social (da realidade), em vez de, como poderíamos pensar desprevenidamente, uma realidade em si.
ANOTAÇÕES SOBRE O UNIVERSAL Ortiz historiciza a ideia de universal e verifica - na minha opinião, sem fazer juízo de valor - a situação contemporânea do pensamento dominante em que a diversidade é uma marca fundamental do universal, o que a princípio seria contraditório. Diante disso - que tem consequências políticas - nos adverte que existe mais de uma forma de considerar, estimar e praticar essa diversidade, e ela não implica necessariamente em abandonar qualquer perspectiva de compreensão do todo ou de projetos que mirem a universalidade.
CONVERGÊNCIA DE CULTURA DE MASSA E CULTURA POPULAr. Não existem "idéias fora do lugar", mas as idéias tem diferentes significados conforme o contexto em que são decodificadas, consumidas e postas em circulação. Pós-moderno, por exemplo, pode ser um conceito de viés esquerdista nos EUA, e é tomado por muitos, no Brasil, como direitista. Voltemos ao autor: estamos falando de cultura DE massas ou de cultura PARA as massas? A cultura PARA as massas vai se tornando aos poucos a cultura popular? E nesse caso, a cultura para as massas não vai se rendendo à cultura popular? Quem discute música e gosto musical sabe que esse processo é de mão dupla, vocês poderiam postar de novo sobre esse ponto específico para darmos continuidade.
Se os Estudos Culturais são um fenômeno acadêmico marcado pela ruptura das compartimentações, pela quebra do "fordismo acadêmico", é possível pensar em estudos culturais na Educação. Que tipo de estudos educacionais poderíamos incluir nos estudos culturais?
Com relação as implicações educacionais na discussão de Ortiz, acredito que é possível pensar em estudos culturais na Educação. Como exemplo, cito, a questão da Ed Ambiental (minha área), afinal capa grupo utiliza o meio em que vive de acordo com a sua "cultura"...
Reconhece-se atualmente que as possibilidades de aproximação entre os estudos culturais e educação desenvolve-se por meio de discussões nas abordagens de muitas questões como o currículo, a diversidade das relações étnico-raciais, inclusão, fomentando também o campo das pesquisas educacionais com repercussão de novos objetos de estudos em iniciação científica, dissertações e teses.
Vejo uma contribuição interessante ao invertermos a pergunta para: que tipo de estudo cultural eu introduziria a educação? Assim, podemos pensar em algumas questões postas por nossas leituras: • O exemplo citado por Nobert Elias do entrevistado da Zona 3 e sua resposta “de matar” quando solicitado opinião sobre a antiga Banda tradicional pertencente a Zona 1. (citação 01) • A discussão de Renato Ortiz em torno da atual concepção universal de Democracia que busca incluir o respeito às diversidades culturais, e as implicações existentes em torno do poder e a conseqüente hierarquização destas diversidades. (citação 02) • A discussão proposta por Peter Berger em torno do conhecimento que é transmitido à geração seguinte e o fato de ser apreendido como realidade objetiva, que pode configurar subjetivamente o indivíduo. (citação 03) • A contribuição conceitual de Jörn Rüsen, em especial o conceito de “tradição”. (citação 04)
Uma fio condutor pode puxar uma relação entre as questões acima: como a “tradição” molda nossa visão de mundo, nossas relações sociais, nossas corriqueiras e etnocêntricas hierarquizações das culturas que nos cercam, e nossa própria socialização compreendida dialeticamente. Assim, ao invertermos novamente a pergunta para que tipo de estudos educacionais poderíamos incluir nos estudos culturais, penso que seja interessante trazer esta discussão para o interior das relações pedagógicas entre professor/aluno. Como a “tradição”, de ambas as partes, influenciam direta ou indiretamente esta relação? Quais seriam as implicações à curto e longo prazo? Como não hierarquizar já que ser etnocêntrico é uma característica comum a todos nós? Enfim, a questão da “tradição” deve ser compreendida no interior da discussão sobre Currículo escolar.
CITAÇÕES: 1 – “As entrevistas feitas na Zona 3 revelaram muito pouco interesse por ela. Algumas pessoas a ridicularizaram, nenhuma a admirava [tradicional Banda pertencente a Zona 1] e o único músico entrevistado na Zona 3 disse que ela era “de matar”. (Os Estabelecidos e os Outsiders, p. 99) 2 – “(...) Por isso é importante compreender os momentos em que os discursos sobre a diversidade oculta questões como a desigualdade.” (Anotações sobre o universal e a diversidade, p. 14) 3 – “(...) O mesmo tipo de conhecimento é transmitido à geração seguinte. È aprendido como verdade objetivada no curso da socialização, interiorizando-se assim como realidade subjetiva. Esta realidade por sua vez tem o poder de configurar o indivíduo.” (A construção social da realidade, p. 95) 4 – “A forma como as ações passadas atingem as ações presentes (coorientação do presente) é pelos dados prévios da tradição. (...) Tradição: o passado está sempre presente nas diversas formas das intenções orientadoras do agir. (...)”. (Razão histórica, p. 76 e 78)
Olá a todos, concordo que essas discussões referentes a cultura e poder são contribuições prioritariamente assimiláveis à relação entre professor e aluno, na qual pode estar a diferença cultural mais marcada.
11 comentários:
Os textos do autor Renato Ortiz buscam conceituar e situar os termos diversidade universal e cultura, numa perspectiva sócio-histórica. Para tal, cita diversos autores, entre eles: Habermas, Hegel, Marx, Durkheim, Weber, Kant, entre outros.
No texto “Anotações sobre o universal e a diversidade” apresenta os referidos temas numa perspectiva filosófica, sociológica e antropológica, através das quais problematiza, entre outros aspectos, a globalização e a mundialização. Para Ortiz, universal e diversidade são termos polissêmicos. Em nome do respeito à diversidade, ocultam-se as relações de poder, sem questionar as desigualdades (diversos: sinônimo de riqueza). Assim, cultura, é entendida aqui, como patrimônio da humanidade enquanto valor universal.
Já os textos “As Ciências Sociais e a Cultura” e “Estudos Culturais”, referem-se à mesma temática: como os conceitos de cultura popular, cultura nacional e cultura de massa (objetos das ciências sociais) se desenvolveram numa perspectiva histórica.
Os textos fomentaram vários questionamentos no grupo, como:
1.De que modo podemos considerar a Educação na perspectiva problematizadora dos textos (atribuindo os conceitos cultura, diversidade, universal)?
2.Os textos apontam que os conceitos de Cultura de massa e Cultura popular nos EUA são convergentes. E na América Latina?
3.A partir da relação que faz Ortiz do desenvolvimento da sociologia e seu contexto, quais as implicações das importações de teorias e conceitos para o Brasil e suas implicações?
Acredito que os três textos, de forma geral, mostram que os conceitos variam conforme o contexto e a historicidade, portanto, não se aplicam na íntegra a qualquer objeto de estudo, os mesmos precisam ser reconstruídos de acordo com o mundo contemporâneo e ao local de estudo.
ANOTAÇÕES SOBRE O UNIVERSAL...
Penso que uma vinculação importante neste texto é permitir compreender que o "universal" nas ciências humanas é uma construção social (da realidade), em vez de, como poderíamos pensar desprevenidamente, uma realidade em si.
ANOTAÇÕES SOBRE O UNIVERSAL
Ortiz historiciza a ideia de universal e verifica - na minha opinião, sem fazer juízo de valor - a situação contemporânea do pensamento dominante em que a diversidade é uma marca fundamental do universal, o que a princípio seria contraditório. Diante disso - que tem consequências políticas - nos adverte que existe mais de uma forma de considerar, estimar e praticar essa diversidade, e ela não implica necessariamente em abandonar qualquer perspectiva de compreensão do todo ou de projetos que mirem a universalidade.
CONVERGÊNCIA DE CULTURA DE MASSA E CULTURA POPULAr.
Não existem "idéias fora do lugar", mas as idéias tem diferentes significados conforme o contexto em que são decodificadas, consumidas e postas em circulação. Pós-moderno, por exemplo, pode ser um conceito de viés esquerdista nos EUA, e é tomado por muitos, no Brasil, como direitista. Voltemos ao autor: estamos falando de cultura DE massas ou de cultura PARA as massas? A cultura PARA as massas vai se tornando aos poucos a cultura popular? E nesse caso, a cultura para as massas não vai se rendendo à cultura popular? Quem discute música e gosto musical sabe que esse processo é de mão dupla, vocês poderiam postar de novo sobre esse ponto específico para darmos continuidade.
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS DA DISCUSSÃO DE ORTIZ
Se os Estudos Culturais são um fenômeno acadêmico marcado pela ruptura das compartimentações, pela quebra do "fordismo acadêmico", é possível pensar em estudos culturais na Educação. Que tipo de estudos educacionais poderíamos incluir nos estudos culturais?
Com relação as implicações educacionais na discussão de Ortiz, acredito que é possível pensar em estudos culturais na Educação. Como exemplo, cito, a questão da Ed Ambiental (minha área), afinal capa grupo utiliza o meio em que vive de acordo com a sua "cultura"...
Reconhece-se atualmente que as possibilidades de aproximação entre os estudos culturais e educação desenvolve-se por meio de discussões nas abordagens de muitas questões como o currículo, a diversidade das relações étnico-raciais, inclusão, fomentando também o campo das pesquisas educacionais com repercussão de novos objetos de estudos em iniciação científica, dissertações e teses.
Vejo uma contribuição interessante ao invertermos a pergunta para: que tipo de estudo cultural eu introduziria a educação? Assim, podemos pensar em algumas questões postas por nossas leituras:
• O exemplo citado por Nobert Elias do entrevistado da Zona 3 e sua resposta “de matar” quando solicitado opinião sobre a antiga Banda tradicional pertencente a Zona 1. (citação 01)
• A discussão de Renato Ortiz em torno da atual concepção universal de Democracia que busca incluir o respeito às diversidades culturais, e as implicações existentes em torno do poder e a conseqüente hierarquização destas diversidades. (citação 02)
• A discussão proposta por Peter Berger em torno do conhecimento que é transmitido à geração seguinte e o fato de ser apreendido como realidade objetiva, que pode configurar subjetivamente o indivíduo. (citação 03)
• A contribuição conceitual de Jörn Rüsen, em especial o conceito de “tradição”. (citação 04)
Uma fio condutor pode puxar uma relação entre as questões acima: como a “tradição” molda nossa visão de mundo, nossas relações sociais, nossas corriqueiras e etnocêntricas hierarquizações das culturas que nos cercam, e nossa própria socialização compreendida dialeticamente.
Assim, ao invertermos novamente a pergunta para que tipo de estudos educacionais poderíamos incluir nos estudos culturais, penso que seja interessante trazer esta discussão para o interior das relações pedagógicas entre professor/aluno. Como a “tradição”, de ambas as partes, influenciam direta ou indiretamente esta relação? Quais seriam as implicações à curto e longo prazo? Como não hierarquizar já que ser etnocêntrico é uma característica comum a todos nós?
Enfim, a questão da “tradição” deve ser compreendida no interior da discussão sobre Currículo escolar.
CITAÇÕES:
1 – “As entrevistas feitas na Zona 3 revelaram muito pouco interesse por ela. Algumas pessoas a ridicularizaram, nenhuma a admirava [tradicional Banda pertencente a Zona 1] e o único músico entrevistado na Zona 3 disse que ela era “de matar”. (Os Estabelecidos e os Outsiders, p. 99)
2 – “(...) Por isso é importante compreender os momentos em que os discursos sobre a diversidade oculta questões como a desigualdade.” (Anotações sobre o universal e a diversidade, p. 14)
3 – “(...) O mesmo tipo de conhecimento é transmitido à geração seguinte. È aprendido como verdade objetivada no curso da socialização, interiorizando-se assim como realidade subjetiva. Esta realidade por sua vez tem o poder de configurar o indivíduo.” (A construção social da realidade, p. 95)
4 – “A forma como as ações passadas atingem as ações presentes (coorientação do presente) é pelos dados prévios da tradição. (...) Tradição: o passado está sempre presente nas diversas formas das intenções orientadoras do agir. (...)”. (Razão histórica, p. 76 e 78)
Olá a todos, concordo que essas discussões referentes a cultura e poder são contribuições prioritariamente assimiláveis à relação entre professor e aluno, na qual pode estar a diferença cultural mais marcada.
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