"A ditadura venceu, nunca terminou", "A escravidão venceu, nunca foi abolida". "A censura venceu, nunca foi revogada". Ok, vamos dar sequência ao raciocínio: os paulistas venceram, o Estado Brasileiro nunca foi colocado a serviço de outras regiões do país, a monarquia venceu, nunca nos tornamos uma república, a colonização venceu, o Brasil nunca se tornou independente. Logo vão dizer que os índios venceram, o Brasil nunca foi descoberto. Não é igual um estado monárquico e um estado republicano, não é a mesma coisa a escravidão reconhecida juridicamente e a escravidão como prática ilegal perseguida pelo Estado. Destacar os limites das mudanças históricas é uma coisa, desconsiderá-las e só ver a continuidade dos nossos vícios não é história, é panfleto.
Há quem entenda que a ditadura não acabou, porque ainda há
repressão policial nas manifestações, tortura nas delegacias de polícia, etc.
Mas, cá pra nós, usando esse argumento por conseguinte a ditadura também não
começou, porque violência contra os pobres e contra a classe média insurgente
também houve, e muito, e muito antes. Se a ditadura não acabou ainda hoje,
então ela também não começou, e se o tempo é só continuidade sem mudanças
relevantes, não há sentido para os estudos históricos. Em outras palavras, não
se trata de História, mas de panfleto para a luta política atual, ou história
de péssima qualidade, é bom que se diferencie.
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