Os mais rápidos que me desculpem o trocadilho do título.
Em 2006, a UEPG fez seu primeiro vestibular com cotas para alunos de escola pública e para alunos negros de escola pública. O debate foi acirrado. A votação no Conselho Universitário foi apertada e a discussão, exaustiva. Mas foi aprovado.
A partir de 2007, por sugestão da CPS (Comissão Permanente de Seleção, responsável pelo vestibular e pelo PSS da UEPG), o critério foi modificado: mantinham-se as cotas, mas estabelecia-se uma nota de corte, ou seja, uma nota mínima para aprovação, calculada com base na média de todas as notas de todos os concorrentes. Em outros termos, as cotas criam três vestibulares: universal, escola pública e negros. Em cada um desses vestibulares, os candidatos disputam as vagas disponíveis para sua cota apenas entre os integrantes da mesma cota. A idéia era que isso garantisse uma entrada maior de alunos cujas médias estivessem um pouco abaixo das médias dos candidatos que comumente eram aprovados, em maioria vindos de escola popular.
Pois bem, com o argumento de corrigir uma distorção de que cotistas negros poderiam entrar com notas muito baixas, estabeleceu-se uma nota mínima (=de corte) que não segue a lógica dos 3 vestibulares concomitantes, mas sim de um índice único. Em outras palavras, a UEPG tem cotas no vestibular na hora de partilhar as vagas para cada setor, mas deixa de ter cotas na hora de definir quem está em condições de ser aprovado.
Resultado? De 2006 para 2007, a quantidade de negros aprovados caiu pela metade. E nenhum deles precisaria de cotas para ser aprovado, já que todos estavam acima da nota de corte. FIM DAS COTAS. Ponto.
Agora a UEPG precisa decidir: ou é uma universidade que tem cotas e pratica isso de verdade, estabelecendo notas de corte proporcionais (uma nota de corte para cada curso e para cada cota), ou assume de uma vez que não quer mais praticas as políticas afirmativas através de cotas, e se descredencia do rol de instituições passíveis de receber verbas destinadas a apoiar as políticas afirmativas.
Do jeito que está, temos cotas só na aparência.
Um comentário:
Cerri!
Esta situação ainda se mantêm na uepg? Pode-se dizer que a política de cotas raciais não tem feito aumentar o ingresso de negros na uepg
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