6/05 - MESA REDONDA TEMPO HISTÓRICO EM TEMPOS DE INCERTEZAS
Esta mesa redonda foi formada por Marcelo Gantus Jasmin, Sonia Regina Miranda e Carmen Teresa Gabriel. Perdi as duas primeiras falas por conta da minha demanda pelo Santo Graal do computador esquecido, que no fim teve um final feliz.
Fala de Carmen Teresa Gabriel
A debatedora aborda o temas pelo seu viés predominante de interesse de pesquisa, que é o do ensino de história pela produção e distribuição de conhecimento. Sustenta a ideia de especificidade e simultaneidade das esferas de problematização do conhecimento histórico.
Carmen propôs-se a pensar o currículo de história na educação básica em um tempo de incertezas já caracterizado nas mesas e intervenções anteriores. Indicou que estes tempos são marcados pelo prefixo pós, que acabou símbolo de algo novo que tentamos nomear nesse momento também novo, em meio às crises da historicidade, da razão, da ciência, das identidades. O EH, por sua vez, é o espaço em que são disputados sentidos e memória. Os tempos de incerteza, entretanto, não são necessariamente sombrios.
- estamos diante de um novo regime de historicidade, após a crise do regime moderno de historicidade.
- Nas escolas debatemo-nos com o problema das aulas da história em que o tempo não aparece, e verifica-se (citando a fala da Sonia Miranda) o reinvestimento nas linhas de tempo como recurso metodológico [o que não inviabiliza pensar diferentes temporalidades]. O professor de história tende a não abrir mão de um tempo da totalidade (oposto de um tempo fragmentado), tempo como processo, referido ao regime de historicidade moderno [certamente isso está relacionado com a demanda da história na escola, de produzir sentido para a história e alguma forma de orientação temporal]. Nesse quadro, é justa a questão: - Como quebrar a linearidade sem perder a inteligibilidade no ensino de história? Esse é mais um dos diálogos que mexeu tanto com o ensino de história quanto com a teoria da história.
- Carmen Gabriel, após essa problematização, aponta que busca saídas no pensamento de Paul Ricoeur da trilogia “Tempo e narrativa” (anos 80), que fornece pistas para pensar aporias do tempo que dicotomizam entre tempo cósmico ou físico e tempo subjetivo vivido pelo indivíduo - defende potencialidade do tempo narrado para articular as 2 formas de narrativa (refiguração do tempo): ficção e história. Discutiu por fim uma pesquisa com textos solicitados a alunos do 3o. ano do Ensino Médio, não produzidos em caráter de avaliação, e à vontade para escrever sobre a história: dos 86 textos, 51 marcam questão da injustiça social para sua escrita e se verificou, por exemplo, grande importância da escravidão como tema para narrar. Além disso verificou-se a presença muito forte da expressão “nada muda” e assemelhadas -idéia de suspensão da ação nos tempos atuais, remetendo a momentos no passado que são marcados pela ideia de ação, de pessoas em movimentos - Ricoeur expressa isso com a expressão “sob o signo do mesmo”. Para ele, a narrativa não é apenas o discurso ou a fala, mas uma categoria teórica, é falar sobre o tempo e torná-lo assim possível. Aborda por fim o conceito de identidades narrativas.
Ao final, tivemos uma apresentação musical do "Bloco do passo", vinculado a educação musical, que foi muito interessante porque ajudou o grupo a refletir de outro modo sobre tempo, temporalidade, identidade e alteridade.
E ainda o lançamento do livro "A escrita escolar da história, memória e historiografia"
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