7/05/2010 - MESA REDONDA O PARADIGMA DO NACIONAL
Essa mesa foi composta por mim, por Ricardo Oriá e coordenada por Luiz Reznik.
A fala de José Ricardo Oriá (assessor legislativo na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, doutor em educação na USP, orientadora por Circe Bittencourt) sustentou-se na discussão da literatura escolar e identidade nacional. Trabalhou com a literatura cívico-patriótica, pedagógica, livros de leitura / Viriato Correia, Afonso Celso, com o referencial teórico (para a identidade nacional) de Nestor Garcia Canclini. Fez menção à sua participação no projeto LIVRES (LIVRos Escolares) da USP, que atua com base no referencial de Alain Chopin, o que leva a uma definição ampla de livro escolar, incluindo livros de referência, paradidáticos, etc.
- Identidade nacional é uma construção narrativa que se utiliza de disciplinas diversas - história, geografia, línguas - e diversos outros fatores para sua constituição. Depende de um passado comum, que permite o pertencimento a uma determinada sociedade; é geralmente baseada em um mito fundador, rituais cívicos e símbolos nacionais, e recebe o aporte do trabalho de livros didáticos, museus e monumentos
- As “cartilhas de nacionalidade” (segundo Oriá) ou “livros de instituição” (termo de Chopin para textos fundadores na literatura escolar de um país) no Brasil seriam “Através do Brasil” de Manuel Bonfim e Olavo Bilac e “Porque me ufano do meu país” de Afonso Celso (em que aponta, por exemplo, que no Brasil não tem preconceito)
A fala de Luis Reznik (UERJ e PUC-Rio) centrou-se na relação entre nação e região nos livros didáticos, a partir se sua pesquisa sobre livros didáticos regionais nos anos 20. Trata-se da série resumo didático da Cia. Melhoramentos, iniciada pela História de SP (por Rocha Pombo) em 1918. Depois foram publicadas histórias de outros outros 9 estados até 1936 (envolverá por exemplo Pedro Calmon, Lourenço Filho, Pedro Calmon, Cruz Filho).
- Reznik afirmou que havia até pouco tempo na historiografia recente um preconceito sobre os historiadores do IHGB por suas intenções, metodologia e resultados (memorialistas), pelo seu ufanismo / bairrismo, e mais preconceito ainda quando escrevem Lds. Em sua intervenção trabalhou para desconstruir esses preconceitos com os seguintes argumentos - os princípios teórico-metodológicos deles (no caso, no recorte dos que escrevem esses Lds) estão em sintonia com pressupostos atuais, as histórias regionais que produzem não são bairristas, não são percursos de história nacional mal disfarçados como história regional, mas contemplam lógicas próprias dos recortes regionais, preservando as especificidades e o foco narrativo próprio, além do que são diversos entre si, não seguem um modelo. Em suma, as histórias regionais logram não ser estruturadas pelo modelo nacional, mas sim diferenciadas e autônomas.
Minha fala, “Nação, nacionalidade e nacionalismo para o estudante de história” completou a mesa, sendo a segunda a ser apresentada. Assim, Oriá trabalhou com a questão nacional no início do século XX, eu trabalhei com o nacional construído a partir da relação com o internacional para os estudantes de história na atualidade e Luís Reznik fechou voltando à definição do nacional a partir do regional. Mais uma vez, foi possível testemunhar as discussões da Didática da História pondo e explorando temas para a metodologia e a teoria da História.
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