sexta-feira, 21 de maio de 2010

Uma eleição histórica na UEPG...

... mas ainda falta informar os dados sobre votos brancos e nulos e abstenções em todas as categorias (professores, funcionários e alunos). Creio que essas porcentagens também serão "históricas". É possível que brancos e nulos superem a votação de Lopatiuk, o que daria à indiferença e à contrariedade o segundo lugar na disputa. A propósito, Lopatiuk foi um candidato de oposição, mas não o representante da oposição, ele foi representante de si mesmo e não conversou nem compôs com outras forças. Se tivesse tentado, não teria sucesso: como não há espaço nem clima para pensar a UEPG a contrapelo, as pessoas estão enfiadas em seus laboratórios tentando publicar e fazer projetos de financiamento para suas pesquisas, e basta. Não há tempo nem espaço sequer para desafinar o coro dos contentes. Fomos acomodados - não sem certa melancolia - ao papel de cientistas e intelectuais despolitizados. Na UEPG, hoje, a discussão propriamente política está no freezer. Candidatos únicos a tudo, que não raro surgem de partos a fórceps: quem quer ser chefe? Coordenador? Representante? Quem tem ganas de ser destratado e desprezado por seu pensar dissonante? Tivemos uma consulta para a reitoria sem política, a discussão que está havendo é jurídica e pragmática, somente. Para além das betoneiras, das motoniveladoras, dos aparelhos de tomografia, das redes de dados, talvez fosse o momento de pensar nas pessoas. "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas." - Machado de Assis.

... e a Assessoria de Comunicação da UEPG não divulgou nosso Colóquio "O que resta da ditadura"...
(PS: Depois publicou, a chefe da Ascom me explicou que foi um problema com o email da assessoria, veja a reportagem no post anterior)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Colóquio "O que resta da Ditadura?"

Juntando quem se preocupa com o fato de que em Ponta Grossa ainda há várias homenagens em nomes de ruas, praças e bairros, à sanguinolenta ditadura militar, organizamos o colóquio "O que resta da ditadura", para discutir as homenagens à ditadura (Movimento "Troque o 31 pelo 15" (trocar o nome do bairro 31 de Março - data do golpe militar - por 15 de março - data da redemocratização do Brasil em 1985)e a reinterpretação da Lei da Anistia.
Abaixo, o cartaz:


Fotos pelo pessoal da disciplina de Fotojornalismo da UEPG e cobertura do evento pela assessoria de comunicação da universidade : aqui

O evento foi coberto também pelo Portal Comunitário.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Jacu Rabudo, antes tarde do que nunca!

Bom, mesmo atrasado, mas pelo menos com a desculpa do lançamento da segunda edição, repercuto aqui o livro Jacu Rabudo, do Hein Bowles, mas remetendo para o blog da Carol, que por sua vez tem um link para uma divertida reportagem da RPC com o autor e a população nas ruas de PG.

"O valor da história hoje" IV

7/05/2010 - MESA A QUESTÃO DA ALTERIDADE NO ENSINO DE HISTÓRIA

A última mesa do encontro foi formada por Cecilia Goulart, Helenice Rocha e Junia Pereira

Cecília Goulart, da UFF, pesquisadora da área da linguagem, sustentou seus argumentos em M. Bakhtin para destacar o tema da alteridade. Enfocou os processos de produção do texto na escola, e o papel dessa instituição de produzir o diálogo entre gerações, nova, antiga e muito antiga, superar o desconhecimento das gerações anteriores, isso não é só da história. Utilizou o conceito bakhtiniando de movimento alteritário, movimento do diálogo, espaço que se podem construir utopias e reconhecer o espaço de cada um sem reduzi-lo a si.

Para a debatedora, a história é o conhecimento mais básico para educar para a mudança - que mudança é essa, qual seu conceito? Passa pela relevância dos alunos se reconhecerem como seres humanos, participantes do mesmo gênero que produziu o passado e que traz a condição de fazer história - abrir-se para o movimento da experiência deles. olhar para a criança olhando para a sua trajetória, seu passado, não basta olhar só para o seu futuro, projetando-o, pensando só a partir das expectativas - filhos das classes sociais diferentes são geralmente vistas apenas em suas limitações, no que lhes falta. Comentário o material coletado pela tese da Helenice Rocha e do material de uma dissertação do ensino de Física. Em todos os casos, o equacionamento ou resolução dos problemas passa pela linguagem, pela dificuldade de formular

A fala de Junia Sales Pereira (UFMG) dedicou-se às Dimensões da recepção e prática da Lei 10.639/03 e 11.645. Anunciou que seu raciocínio vai a contrapelo de um pressuposto que está na lei de que através do ensino de história se produzirá determinadas identidades [mas com a identidade nacional funcionou!]. Procurou fazer a análise das dimensões da recepção das expectativas e tensões postas pela lei na escola - na análise compreende-se o trabalho docente como um trabalho multirreferenciado em ambiente multirreferenciado: compartilhado, relacional, dialógico, mediado por interações. Propôs ler a escola como ambiente de dialogia e contextualização - Bakhtin, Bhabha … - e a docência como circunstanciada, socialmente situada, cria membros de uma comunidade de prática - prática docente, inclusive a aula, é obra coletiva e obra aberta - seu resultado / repercussão não é definido pelo professor sozinho. Asseverou que o professor de história é professor referente para questão da 10639 - quase tão referente quando há um professor negro, que costuma ser referente para isso [mesmo que não queira ou não possa]
Considerou importante também trazer o conceito de recepção, que não é ato mecânico que supõe transmissão de uma mensagem e assimilação direta e unívoca de uma mesma mensagem - à recepção comparecem conteúdos explícitos e não visíveis - a recepção é o campo da dispersão e da imprevisibilidade.
- Identificou as dimensões da recepção da lei: - polifonia; - natureza experiencial dos conteúdos e discursos abordados; - dimensão axiológica dos pressupostos da Lei em confronto com as concepções de história envolvidas
- configurações mais frequentes na sala de aula - um elemento importante é o aspecto religioso - pais de determinadas denominações religiosas boicotam eventos voltados para cultura negra. Conclui com a importante perspectiva de que “você só entende o outro quando se coloca ou quando é colocado no lugar dele”.

A fala de Helenice Rocha (UERJ) foi intitulada “Mundo grande mundo - apontamentos sobre o desafio da diversidade cultural na aula de história”
- a problemática: - surge de demanda de professores das escolas públicas confrontando-se com a secretaria de educação e defendendo o valor do universalismo na história e em seu ensino defentido por professores e por uma tradição das humanidades - isso era o argumento dos professores para não trabalhar com as diversas demandas de identidade, com isso se perderia a história como se aprendeu a ensinar, que serviria para inserir o aluno na humanidade
- consideração de uma diferença que pode contribuir para o aprofundamento ou a diminuição do fosso existente entre diferentes na sala de aula, o da inserção maior ou menor dos alunos na cultura da escrita.
- aula de história é uma ambiente de leitura e que depende de alunos letrados para acontecer.
- argumento escolhido - a possibilidade do exercício de um “universalismo romàntico” na ação do professor de história considerando a natureza de seu objeto de conhecimento na ambição de alargamento de horizonte cognitivo dos alunos em sua interação pela linguagem oral e escrita, constitutiva do conhecimento histórico escolar. O “universalismo romântico”(perspectiva de incorporação do pensamento pós moderno, que pode ser também chamado de neorromântico) pode ser capaz de pluralizar essa história universal. O universalismo foi relacionado como forma de constituição do conhecimento histórico nos quadros de exercício do racionalismo. A debatedora fez ainda a defesa da tensão necessária entre o universalismo e o neorromantismo: um unversalismo romântico como postura teórico-metodológica diante dos desafios contemporâneos da história e de seu ensino. Por fim, desenvolveu a análise de narrativas verbais e não verbais presentes em aulas.

"O valor da história hoje" III

7/05/2010 - MESA REDONDA O PARADIGMA DO NACIONAL

Essa mesa foi composta por mim, por Ricardo Oriá e coordenada por Luiz Reznik.
A fala de José Ricardo Oriá (assessor legislativo na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, doutor em educação na USP, orientadora por Circe Bittencourt) sustentou-se na discussão da literatura escolar e identidade nacional. Trabalhou com a literatura cívico-patriótica, pedagógica, livros de leitura / Viriato Correia, Afonso Celso, com o referencial teórico (para a identidade nacional) de Nestor Garcia Canclini. Fez menção à sua participação no projeto LIVRES (LIVRos Escolares) da USP, que atua com base no referencial de Alain Chopin, o que leva a uma definição ampla de livro escolar, incluindo livros de referência, paradidáticos, etc.
- Identidade nacional é uma construção narrativa que se utiliza de disciplinas diversas - história, geografia, línguas - e diversos outros fatores para sua constituição. Depende de um passado comum, que permite o pertencimento a uma determinada sociedade; é geralmente baseada em um mito fundador, rituais cívicos e símbolos nacionais, e recebe o aporte do trabalho de livros didáticos, museus e monumentos
- As “cartilhas de nacionalidade” (segundo Oriá) ou “livros de instituição” (termo de Chopin para textos fundadores na literatura escolar de um país) no Brasil seriam “Através do Brasil” de Manuel Bonfim e Olavo Bilac e “Porque me ufano do meu país” de Afonso Celso (em que aponta, por exemplo, que no Brasil não tem preconceito)

A fala de Luis Reznik (UERJ e PUC-Rio) centrou-se na relação entre nação e região nos livros didáticos, a partir se sua pesquisa sobre livros didáticos regionais nos anos 20. Trata-se da série resumo didático da Cia. Melhoramentos, iniciada pela História de SP (por Rocha Pombo) em 1918. Depois foram publicadas histórias de outros outros 9 estados até 1936 (envolverá por exemplo Pedro Calmon, Lourenço Filho, Pedro Calmon, Cruz Filho).
- Reznik afirmou que havia até pouco tempo na historiografia recente um preconceito sobre os historiadores do IHGB por suas intenções, metodologia e resultados (memorialistas), pelo seu ufanismo / bairrismo, e mais preconceito ainda quando escrevem Lds. Em sua intervenção trabalhou para desconstruir esses preconceitos com os seguintes argumentos - os princípios teórico-metodológicos deles (no caso, no recorte dos que escrevem esses Lds) estão em sintonia com pressupostos atuais, as histórias regionais que produzem não são bairristas, não são percursos de história nacional mal disfarçados como história regional, mas contemplam lógicas próprias dos recortes regionais, preservando as especificidades e o foco narrativo próprio, além do que são diversos entre si, não seguem um modelo. Em suma, as histórias regionais logram não ser estruturadas pelo modelo nacional, mas sim diferenciadas e autônomas.

Minha fala, “Nação, nacionalidade e nacionalismo para o estudante de história” completou a mesa, sendo a segunda a ser apresentada. Assim, Oriá trabalhou com a questão nacional no início do século XX, eu trabalhei com o nacional construído a partir da relação com o internacional para os estudantes de história na atualidade e Luís Reznik fechou voltando à definição do nacional a partir do regional. Mais uma vez, foi possível testemunhar as discussões da Didática da História pondo e explorando temas para a metodologia e a teoria da História.

"O valor da história hoje" II

6/05 - MESA REDONDA TEMPO HISTÓRICO EM TEMPOS DE INCERTEZAS

Esta mesa redonda foi formada por Marcelo Gantus Jasmin, Sonia Regina Miranda e Carmen Teresa Gabriel. Perdi as duas primeiras falas por conta da minha demanda pelo Santo Graal do computador esquecido, que no fim teve um final feliz.



Fala de Carmen Teresa Gabriel
A debatedora aborda o temas pelo seu viés predominante de interesse de pesquisa, que é o do ensino de história pela produção e distribuição de conhecimento. Sustenta a ideia de especificidade e simultaneidade das esferas de problematização do conhecimento histórico.
Carmen propôs-se a pensar o currículo de história na educação básica em um tempo de incertezas já caracterizado nas mesas e intervenções anteriores. Indicou que estes tempos são marcados pelo prefixo pós, que acabou símbolo de algo novo que tentamos nomear nesse momento também novo, em meio às crises da historicidade, da razão, da ciência, das identidades. O EH, por sua vez, é o espaço em que são disputados sentidos e memória. Os tempos de incerteza, entretanto, não são necessariamente sombrios.
- estamos diante de um novo regime de historicidade, após a crise do regime moderno de historicidade.
- Nas escolas debatemo-nos com o problema das aulas da história em que o tempo não aparece, e verifica-se (citando a fala da Sonia Miranda) o reinvestimento nas linhas de tempo como recurso metodológico [o que não inviabiliza pensar diferentes temporalidades]. O professor de história tende a não abrir mão de um tempo da totalidade (oposto de um tempo fragmentado), tempo como processo, referido ao regime de historicidade moderno [certamente isso está relacionado com a demanda da história na escola, de produzir sentido para a história e alguma forma de orientação temporal]. Nesse quadro, é justa a questão: - Como quebrar a linearidade sem perder a inteligibilidade no ensino de história? Esse é mais um dos diálogos que mexeu tanto com o ensino de história quanto com a teoria da história.
- Carmen Gabriel, após essa problematização, aponta que busca saídas no pensamento de Paul Ricoeur da trilogia “Tempo e narrativa” (anos 80), que fornece pistas para pensar aporias do tempo que dicotomizam entre tempo cósmico ou físico e tempo subjetivo vivido pelo indivíduo - defende potencialidade do tempo narrado para articular as 2 formas de narrativa (refiguração do tempo): ficção e história. Discutiu por fim uma pesquisa com textos solicitados a alunos do 3o. ano do Ensino Médio, não produzidos em caráter de avaliação, e à vontade para escrever sobre a história: dos 86 textos, 51 marcam questão da injustiça social para sua escrita e se verificou, por exemplo, grande importância da escravidão como tema para narrar. Além disso verificou-se a presença muito forte da expressão “nada muda” e assemelhadas -idéia de suspensão da ação nos tempos atuais, remetendo a momentos no passado que são marcados pela ideia de ação, de pessoas em movimentos - Ricoeur expressa isso com a expressão “sob o signo do mesmo”. Para ele, a narrativa não é apenas o discurso ou a fala, mas uma categoria teórica, é falar sobre o tempo e torná-lo assim possível. Aborda por fim o conceito de identidades narrativas.

Ao final, tivemos uma apresentação musical do "Bloco do passo", vinculado a educação musical, que foi muito interessante porque ajudou o grupo a refletir de outro modo sobre tempo, temporalidade, identidade e alteridade.

E ainda o lançamento do livro "A escrita escolar da história, memória e historiografia"

"O Valor da História Hoje" - I

Entre os dias 6 e 7 de Maio, tive a oportunidade de participar do Seminário Nacional O valor da história hoje, promovido pelo grupo Oficinas da História, que reúne profissionais da UERJ, UFRJ, PUC-Rio e UniRio. A abertura do evento (da qual não participei) foi feita por Durval Muniz de Albuquerque Jr., presidente da ANPUH. O Grupo Oficinas da História é um grupo modelo de articulação entre história e ensino de história, envolvendo tanto profissionais que se vinculam mais diretamente ao ensino de história quanto historiadores interessados na temática do ensino, tanto como objeto de pesquisa histórica quanto de reflexão didática para a atualidade. O seminário dedicado ao prof. Manoel Luiz Salgado Guimarães, falecido em abril de 2010. A seguir tento fazer um pequeno panorama dessa interessante experiência, destacando um aspecto que me pareceu recorrente, que foi o de um movimento em que a teoria da história e a historiografia colocavam questões para a didática da história e, simetricamente, as discussões da didática da história e da história do ensino de história pontuavam diversas questões para a teoria e a historiografia.

6/05 - MESA REDONDA A QUESTÃO DO PRESENTE E O ENSINO-APRENDIZADO DA HISTÓRIA



Falaram Valdei Araújo, Marcello Magalhães e Ana Maria Monteiro, de diferentes lugares e trajetórias, procurando enquadrar a questão do tempo presente no ensino de história.

Fala de Valdei Lopes de Araújo - UFOP, pesquisador de história da historiografia:
Procurou discutir o enfrentamento do tempo presente na sala de aula do ponto de vista do professor de teoria da história. Comentou a transformação do valor epistemológico do tempo presente - Rüsen - é no presente que a experiência se torna possível e passado e futuro vigoram como efeito e expectativa. Articulou o tema do presente com o da imparcialidade na escrita da história: a passagem do tempo nos ajudaria a entender a história, não pela razão primária de que evita as paixões, mas porque permite visão mais completa, melhor posição cognitiva, melhor articulação entre parte e todo na perspectiva da historiografia moderna.
- o presente pode ser pensado de duas formas complementares, a primeira como presença (convergência de imagens, retensão e protensão) e como época
- Nietzche - revolta contra a confiança historicista no progresso - aponta o valor ético do anacronismo, como possibilidade de não continuar preso a seu passado, mas romper com ele para livrar-se de seus vícios e problemas / W. Benjamin - libertar o passado / tanto Benjamin quanto Nietzche antecipam a crítica da visão moderna da história
- perda de orientação global / alargamento do presente / perda da confiança em realizar o futuro como redenção do presente - perda da história como grande cadeia causal - consequências do alargamento do presente para o ensino de história - sincronismo e anacronismo como ambas possibilidades legítimas de formação e pensamento histórico.
- produção de sentido e orientação devem conviver com outras formas de relação com o tempo - a tarefa da história continua ser desalienação no sentido de ampliar as possibilidades da escrita de dar sentido, desvelar o mundo e entender que também há o reverso do sentido, a falta de sentido, o horror - não basta domesticar a história, estar alienado na crença de que é possível dominar todo o sentido da história
- pensar em formas anacrônicas de organização da experiência histórica para a sala de aula
- a aula - etimologia - situação em que uma lição pode acontecer, além de um local em que uma lição é dada
fala de Marcelo de S. Magalhães - prof. da UERJ / faculdade de formação de professores, pesquisador de história política e cidadania
O ponto de partida desse debatedor foi o seu interesse pelo período de início da República com manuais escolares, e a busca de relação constante entre ensino de história e historiografia.
- Centrou a exposição no trabalho de João Ribeiro, autor de Livros didáticos, cuja trajetória intelectual envolve participação do IHGB - análise de “História do Brasil - curso superior”, obra didática em que Ribeiro passa a apresentar-se como primeiro a escrever a história do Brasil como uma nova síntese para além da descrição dos mandatos dos governantes - reivindica uma história do Brasil do interior
- Os historiadores “positivistas” (os falta de melhor termo) no Brasil oitocentista pouco escreveram história do seu presente, que seria a história do império. Varnhagen, por exemplo, em “História da independência” publicada postumamente, em 1916 colocava-se o problema, para a história do presente, da objetividade e das testemunhas vivas que contestam o historiador.
- Em geral, autores abordados rejeitam a paixão e nos Lds reafirmam a importância do distanciamento temporal. Apesar disso, a dimensão do presente é importante para esses historiadores que achavam que a história é restrita ao passado - eles se permitem discutir o presente em discursos, artigos de jornais, ou seja, fora da produção acadêmica de conhecimento histórico.
- Marcelo Magalhães aponta que João Ribeiro destacou, em seu discurso de posse no IHGB o presente como organizador do passado, e que em alguns casos a imparcialidade pode ser imoral, ainda que proteja os vivos. é possível verificar no pensamento do autor que o presente convive com a condição de interdito para a história (= passado) e com a sua importância pedagógica, motivo pelo qual aparece na obra didática e nos programas oficiais

Fala de Ana Maria Monteiro, diretora da FE da UFRJ
O ponto de partida da debatedora é o dos estudos de didática e currículo, interessada na investigação do estatuto epistemológico da Didática, que conduz à necessidade de diálogo com os historiadores.
Monteiro indica que a prática é tradicionalmente vista como lugar do não saber, da não teoria, o objetivo da palestrante é investigar esse espaço-tempo da prática. Quanto ao conceito de conhecimento histórico escolar: Ana Maria não defende, como os pesquisadores franceses, que seja um conhecimento original, mas concorda com a ideia de que ele produz configurações originais
- epistemologia social escolar / relação dos docentes com os saberes - considera o professor como intelectual, não como um simples transmissor - o que é ensinado não deriva natural e automaticamente da ciência, mas sim produção sociocultural - relações são tão imbricadas e cotidianas que se tornam naturalizadas - não se pensa, por exemplo, na constituição histórica da própria escola
- conhecimento histórico escolar - elaboração mediada por escolhas educativas baseadas em valores (axiológicas)
(não pude assistir a fala até o final porque tive que sair para ir buscar o computador que esqueci no avião no dia anterior - nesse momento a profa. Ana Maria desenvolveu uma discussão sobre o uso do anacronismo nas aulas de história)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Campanha pela memória e pela verdade

A OAB/RJ está fazendo uma campanha pela abertura "ampla, geral e irrestrita" dos arquivos da ditadura. De fato, não é possível a um país continuar sem acertar as contas com o próprio passado. Eu, pelo menos, estou farto de receber mensagens que falam dos "terroristas" que lutaram contra a ditadura e hoje estão anistiados e recebendo pensões (ou suas famílias), ou os agropecuaristas nativos que têm orgulho do "31 de Março".

O texto do abaixo assinado é o seguinte:

Nós, abaixo assinados, apoiamos a Campanha pela Memória e pela Verdade, desenvolvida pela OAB/RJ, em defesa da abertura dos arquivos da repressão política no período da ditadura militar.
Nós, abaixo assinados, consideramos que é direito das famílias dos desaparecidos conhecerem o destino de seus entes queridos.
Nós, abaixo assinados, estamos convictos de que o conhecimento pleno do que ocorreu nos porões da ditadura durante os chamados anos de chumbo é importante para se evitar a repetição da barbárie. Um país que não conhece sua História está fadado a repetir os erros.
Por fim, esperamos que as autoridades do Executivo e do Legislativo, a quem se destina este documento, determinem as providências necessárias para que seja dada publicidade aos arquivos, criando assim as condições para uma verdadeira reconciliação nacional.

O link para assinar é http://www.oab-rj.org.br/forms/abaixoassinado.jsp.

sábado, 1 de maio de 2010

Operação "medo da Dilma"

Está em curso no Brasil a operação "Medo da Dilma", parecida com a que já foi utilizada anteriormente, a operação "Medo do Lula" e "Medo do PT".
Vide Regina Duarte com o monólogo "eu tenho medo"...

O mote agora é o do passado de militante da luta armada contra a ditadura, que ela assaltou bancos e atirou em pessoas. Não à toa, o tema da Anistia, das indenizações para pessoas prejudicadas pelo Estado Brasileiro sob a ditadura e congêneres voltam à cena.
1 - Não se constrói um país com medo.
2 - Essa campanha tem elementos para ser bastante "histórica", se o DEMO-Tucanato conseguir empurrar a Dilma para as cordas desse debate, desviando da comparação entre os 8 anos da presidência do PSDB e os oito da presidência do PT.

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