segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Rio do Meio - Comunidade Quilombola em Ivaí-PR

Neste dia 20 de Novembro, dia da consciência negra, retomando a condição de integrante do Instituto Sorriso Negro, estive, junto com os colegas Zé Luiz, Maria Lúcia, Euza e Amélia, na comunidade quilombola Rio do Meio, em Ivaí, na cerimônia de entrega dos títulos de propriedade às famílias do quilombo, pelo governo do Estado. Foi uma cerimônia muito boa, seguida de apresentações culturais: uma dupla com uma canção sobre a comunidade do RIo do Meio, uma apresentação de um trecho da dança de São Gonçalo e duas coreografias de uma escola de Palmital (essas sobre a tradição do boi-bumbá na Amazônia, um pouco fora de contexto, mas a professora que trouxe os alunos me disse que a dança foi preparada para outra ocasião, mas que tinha sido trazida a pedido da Secretaria Municipal de Educação). As fotos podem ser acessadas clicando AQUI.

domingo, 14 de novembro de 2010

Remuneração adicional a "bons" professores

O Thiago Oliveira me mandou o recorte do Le Monde Diplomatique abaixo, nele a autora retoma um tema que já foi discutido nesse blog, que é o do sistema norteamericano de prêmios ou punições a professores e escolas, a partir do desempenho de seus alunos em testes estaduais e federais padronizados. Ela mostra que o bom desempenho em testes - que depois de um tempo tende a estagnar e mesmo regredir - não significa uma boa educação, pois as crianças tendem a aprender como se sair bem nos testes, e não a matéria em si. Isso é algo que já sabemos de cor e salteado com a experiência do vestibular. Nele, os alunos dos cursinhos passam por uma dose de adestramento para resposta ao tipo de prova é muito mais ampla que a dose de efetiva reflexão, conhecimento e descoberta criativa a partir dos conteúdos. Assim, os alunos mais bem classificados no vestibular geralmente não são os de melhor desempenho durante o curso de graduação.

Escolas privatizadas, desempenho Pífio

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O 3o. TURNO DAS ELEIÇÔES - 1o. Capítulo: ENEM

A impressão que temos assistindo ao PIG é de uma hecatombe no ENEM. Ou seja, COMEÇOU O TERCEIRO TURNO. Quando ouvimos o ministro, há dados concretos sobre o tamanho do problema, em termos numéricos e estatísticos, e o tamanho não chega a comprometer o exame. Há uma clara intenção do PIG em desmoralizar o exame e inflacionar o problema ocorrido.

Dilma vai ter uma crise em cada dia do seu mandato, se depender da grande imprensa.

A colega Thelma, via lista de discussão do GT de Ensino da ANPUH ofereceu os seguintes links, muito bons:
 
Mais jovens de classe D que de A na universidade


O PiG e o Serra odeiam o ENEM por causa dos pobres

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dilma, para a UEPG seguir mudando

Fui admitido na UEPG no primeiro ano do governo FHC, e aqui estou até hoje, último ano do governo Lula. O crescimento que a Universidade teve nesses últimos anos supera de longe a situação que tivemos entre 1995 e 2002, período do governador Lerner e do presidente FHC.
O crescimento atual da UEPG tem suas bases no talento e na garra de seus profissionais (que tocaram projetos em diante mesmo diante de todo tipo de dificuldade) e em uma conjuntura favorável disposta pelos governos Requião e Lula, porque não foram governos privatistas e com filosofia de estado mínimo, para a qual universidade é despesa, e não investimento. Obviamente, sem a administração séria que tivemos, não teríamos avançado.
Nos anos FHC e Lerner, ensino superior era visto como um peso para a sociedade, um ladrão das verbas do ensino básico. Pouquíssimos pesquisadores conseguiam financiamento para a pesquisa, havia poucas bolsas de estudo, e seu valor era corroído pela falta de reajuste. As iniciativas que havia envolviam quase sempre a empresa privada, e, mais que atingir os fins educacionais a que se destinavam, deviam gerar lucro para particulares.
Serra representa o estado mínimo, que quer restringir o setor público para transferir todo o recurso possível ao mercado. Lula foi capaz de quebrar esse ciclo e, sem quebrar contratos e gerar instabilidade, conseguir recursos para a expansão do setor público, inclusive as universidades públicas estaduais, que se beneficiaram das políticas de expansão da CAPES e do CNPq, além do FINEP e Ministério da Educação, entre outros.
O problema não é a pessoa de Serra, mas a concepção de administração pública e de tratamento do ensino superior que ele carrega desde os anos 90, com toda a equipe que o assessoria na presidência. No conjunto com o governo tucano do Paraná, Serra traria de volta os anos de míngua para as estaduais paranaenses, pois a ideologia do estado mínimo estaria nas duas esferas.
Dilma e Serra estão muito longe de ser iguais, quem afirma isso não estudou um mínimo de análise de conjuntura e é presa de um discurso ao mesmo tempo fácil e falso. Segundo turno é hora de optar, não de se omitir.

Por tudo isso apelo a todos os alunos, aos colegas professores e aos amigos funcionários, pelo voto crítico em Dilma 13, em 31 de Outubro. Pode até ser que ela não seja a candidata dos nossos sonhos, mas Serra é o candidato dos nossos maiores pesadelos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

SEGUNDO TURNO

Hora de redobrar a militância.
Hora de lembrar que é desonesto manipular a fé religiosa contra os candidatos.
Hora de lembrar que o pensamento de Dilma sobre o aborto é exatamente o mesmo que o de Serra: a discussão do aborto como problema de saúde pública, que é o que cabe ao estado laico.
Hora, principalmente, de reafirmar que os projetos em disputa não são iguais, nem parecidos. Para isso é muito importante ler o texto de Emir Sader: Se tudo fosse igual.

domingo, 26 de setembro de 2010

Discriminação positiva

A ira é péssima conselheira. Percebe-se isso ao ler o texto “A insensatez da discriminação”, publicada n’O Portal de 26/09/2010. O autor, professor Moacyr de Lima e Silva, ataca todo o preconceito e discriminação com a fúria dos justos, e atira os epítetos de “estupidez”, “imbecilidade” e “burrice” a quem discrimina. Sobram petardos para os fidalgos e para quem fez doutorado na Europa. Nesse tiroteio, as cotas, ou políticas afirmativas, também são atingidas.
O que é discriminar? Do latim discriminare, significa, fazer uma distinção, tratar alguém diferente por causa de alguma característica sua. Toda discriminação seria um abuso, então? Não é bem assim. Vejamos. As filas se formam por um princípio igualitário: a ordem de chegada. Ao darmos a frente a uma mulher grávida ou a um cadeirante, estamos tratando-os diferente. Podemos encontrar centenas de situações em que tratar todos igualmente significa uma injustiça porque, na prática, não somos todos iguais. A igualdade formal está posta (“todos são iguais perante a lei”), mas a igualdade material (que seria “todos são dotados das mesmas condições para realizarem-se como pessoas e cidadãos brasileiros”) não está garantida.
Aristóteles afirma o princípio de que não basta igualdade: é necessário tratar desigualmente os desiguais para obter justiça. Se ficar na fila é um incômodo, ele é maior para quem está em situação de maior fragilidade. Como sociedade, definimos que pessoas que são mais jovens, ou não enfrentam condição que reduza sua condição física podem esperar mais. É desse princípio que nascem as ações afirmativas, conhecidas popularmente por cotas. Corrige-se o fator que causa a desigualdade, compensando os desfavorecidos com um tratamento diferente ou, em outras palavras, discriminatório. A discriminação também pode ser positiva, a favor de quem precisa.
Outro ponto que merece discussão é sobre as causas da escassa presença de negros nas universidades, profissões e posições de prestígio, por exemplo. De fato, temos poucos negros médicos, juízes, deputados, e assim por diante. Se a escravidão é uma mancha que ficou para trás, e se agora somos todos iguais, e a cor da pele não tem a ver com a capacidade de ninguém, por que essa falta de negros nas elites econômicas, sociais, intelectuais, científicas?
Somos todos iguais, é verdade, e nossa inteligência ou evolução espiritual nada tem a ver com a cor da nossa pele. Mas isso, como a igualdade formal, não basta. É só inverter a afirmação “a cor da pele não nos faz diferentes” para “não faz diferença a cor da pele”. No Brasil, a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. A escravidão acabou (?) mas não seus efeitos, ou seja, uma sociedade montada para manter o negro - e todos os que possam ameaçar a concentração da riqueza - em situação de inferioridade, através do racismo disfarçado e não admitido que nos marca. Não sou eu quem diz, é o sociólogo Florestan Fernandes.
Se, aos poucos, como sociedade, estamos vencendo as barreiras que não permitem aos negros ocupar todos os espaços que merecem, como brasileiros, isso se deve em boa parte a políticas afirmativas. E os negros que entraram nas universidades por cotas mostram que são tão bons quanto os brancos, ou seja, somos, sim, iguais. Só que o vestibular era uma barreira intransponível em muitos cursos para quem não vinha de escola particular, e era isento de um trajetória de vida de discriminação velada ou aberta, que minam a autoestima e o desempenho da criança e do jovem negros. Todo somos iguais, mas se não houvesse cota, os alunos negros não teriam tido a chance de mostrar isso.

Ponta Grossa - Síndrome de viralatas?

Na edição do jornal O Portal referente ao aniversário da cidade, saiu uma entrevista minha na matéria que discute a autoestima do pontagrossense. Veja clicando aqui.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Professores de pós-graduação doentes

É o que eu venho insistindo: para ser professor permanente da pós graduação tem que ter perfil. Tem gente achando que é melhor entrar logo na pós porque vai dar muita aula na graduação com a nova política docente da UEPG. Mesmo antes disso, um nosso amigo, um tal de Jaiminho já pensava assim.
Ora, as exigências da pós são muito claras e específicas, ninguém é obrigado a entrar nela, e antes de entrar tem todo o direito de conhecer o que vai ser exigido. O perfil da pós implica uma produtividade (que não é insana como a da carta do professor de Sergipe que avisa que está morrendo de trabalhar e mesmo assim não para) que seja compatível com a saúde e com a vida pessoal (sem as quais a gente morre e para de produzir). Meu depoimento é que isso é possível. E temos que ficar atentos, quando chegarmos na situação do professor, temos que saber que o principal explorador do nosso trabalho não é a CAPES ou o governo, mas nós mesmos, a imagem que fazemos de nós mesmos. Ele está certo ao citar o Buda, nosso principal carrasco é nossa pensamento, nossa vontade de corresponder a uma imagem que os outros fazem da gente, não ser capaz de desapegar disso tudo. O dia que eu achar que a pós está me prejudicando pessoalmente, peço pra sair, acho que todos nós devemos ter isso no horizonte, trabalho tem que dar prazer, além de dar trabalho. Se ele só dá dor, primeiro eu, depois os outros. É a sabedoria de aeromoça: se faltar oxigênio, primeiro coloque a máscara em você, depois ajude os outros a colocarem. Senão vc desmaia e morre junto com seu acompanhante. Todos temos que desenvolver nossas estratégias e nossas válvulas de controle, aprender a dizer não, não fazer tudo o que nos convidam ou convocam a fazer. E ir ajustando esses controles e seus usos. Quem muito abraça pouco aperta. Para quem está em coordenações, ter claro que é um período de sacrifício pela coletividade, que acaba.

Programa de Pós é Tropa de Elite. É cruel, mas quem não se adapta, "pede pra sair". Não vai ser menos gente, menos professor, menos intelectual por isso. Existem diversos trabalhos que precisam ser feitos no ensino superior, todos dignos, a maioria com possibilidades de financiamento, ainda mais agora com a CAPES financiando formação de professores, graduação, etc.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Posse dos novos representantes docentes no CEPE

Assumi como suplente da profa. Silvana Oliveira (do DELET) a representação docente do Setor de Humanas, Letras e Artes. Veja todos os novos conselheiros clicando aqui.

Como a Veja noticiaria Guerra nas Estrelas

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Preservação dos arquivos do judiciário

(repercuto a mensagem do presidente da Associação Nacional de História - participe dessa campanha virtual)

O Senado disponibilizou um link que permite que os interessados enviem sugestões para o anteprojeto 166/2010 sobre o Código de Processo Civil: http://www.senado.gov.br/noticias/OpiniaoPublica/novo_cpc.asp

Seria muito interessante que todos pudessem encaminhar sugestões sobre a necessidade de alterar o artigo 967 que permite a eliminação de processos findos.

Como são apenas 500 caracteres, segue abaixo uma sugestão de texto, com 496 caracteres, com espaço. Seria interessante também que colocassem, além do nome, suas filiações institucionais (sobretudo no caso de entidades, centros de pesquisa, etc.)

Aproveito para dizer que na página do Cecult (www.unicamp.br/cecult) há um link "SOS Processos" com várias informações sobre esse tema (textos, legislação, emenda do senador Suplicy, nota técnica do Conarq, etc).


Sugestão de texto:

“Em respeito ao dever de preservação do patrimônio histórico e ao direito constitucional de acesso ao Judiciário e à prova, faz-se necessária a alteração do artigo 967. Acaso aprovado como proposto, esse dispositivo colocará em risco milhares de processos que registram nossa história e constituem provas judiciais e administrativas. Apoio a Emenda apresentada pelo Sen. Eduardo Suplicy em 11.08.2010, que oferece nova redação para o artigo e estabelece diretrizes para preservar esses documentos.”

Atenciosamente, Durval Muniz de Albuquerque Júnior (Presidente da ANPUH-Nacional)

domingo, 12 de setembro de 2010

Vá visitar o Arquivo do Estado de São Paulo

Tem uma exposição virtual sobre a Revolução de 1924 (da qual ninguém lembra) que foi importante na definição do tenentismo e suas consequências posteriores.
Para ir, clique nesse LINK.
Boa sugestão para professores acessarem documentos e exposições com seus alunos.

Educação - mais uma comparação entre os candidatos, só que agora entre o que fizeram seus apoiadores

MANIFESTO DOS EDUCADORES DO PARANÁ

"Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."

(Paulo Freire)

Todos sabem que os professores do Paraná, a partir de suas muitas lutas pelo reconhecimento profissional e pela educação de qualidade, conquistaram lugar de importância na história do nosso estado. Isso provavelmente explica a atenção que candidatos ao legislativo e executivo tem dispensando ao magistério durante o horário eleitoral.

Nota-se contudo que, ao lançarem aos eleitores as suas propostas, os candidatos estão reforçando a necessidade de ampliar e aprofundar as políticas já implementadas durante o governo Requião/Pessuti, assinalando, com isso, os acertos dessa gestão na área educacional. Nesse sentido, é muito interessante observar que o candidato da oposição (PSDB), na “telinha” ou na rádio, apresenta-se sempre muito cuidadoso ao tratar de propostas educacionais, porquanto mantém, em sua visão educacional, um forte vínculo com interesses de grupos dominantes de nossa sociedade, ao invés de vincular a educação à transformação das injustiças sociais que assolam a maioria da população.

Mediante o exposto, nós, educadores do Paraná, manifestamos, por essa via, nosso desejo de consolidar ainda mais os avanços alcançados nesses últimos 08 (oito) anos de trabalho, razão pela qual repudiamos as propostas educacionais baseadas na lógica do mercado e reafirmamos uma concepção educacional crítica da sociedade e emancipadora de alunos e professores.

As políticas educacionais que a educação do Paraná necessita estão representadas nas propostas no candidato Osmar Dias, que assumiu compromisso formal com a categoria dos professores, visando a consolidação e o fortalecimento das conquistas dos professores e dos programas do governo Requião/Pessuti.

Compare, a seguir, as políticas educacionais do PSDB e do governo Requião/Pessuti, lembrando que os candidatos atuais Beto Richa e Osmar Dias estão comprometidos com as mesmas.

GOVERNO LERNER (Compromisso Beto Richa)
- 8 anos sem reajuste salarial.
- Fechamento de 340 escolas de Magistério e 1080 cursos de educação profissional.
- Programa Correção de Fluxo como forma de aligeiramento educacional e contenção de despesas.
- Contratação de consultorias para execução de todos os projetos educacionais.
- Universidade do Professor (Faxinal do Céu) numa perspectiva de qualidade total e “treinamento” dos professores no sentido da competição alcançando sucesso pela força interior.
- Fim das eleições diretas nas escolas estaduais.
- Redução drástica do número de Funcionários de Escola através do porte das escolas.
- Inexistência de concursos públicos. (Esta é a lógica desses governos que defendem o Estado mínimo, a partir do qual terceirizam-se serviços ligados a direitos básicos do cidadão como saúde, educação, segurança, entre outros).
- Redução da Matriz Curricular (menos de 20 aulas no noturno).
- Inexistência de hora atividade.
- Redução de investimento na Educação Básica, sempre abaixo dos 25%.
- Tentativa de implementação de um Plano de Carreira (PLADEP) que destruía a carreira estatutária e ainda transformava todos os cargos estatutários em celetistas.
- Contratação de forma terceirizada por meio da Paranaeducação.
- Abandono completo da infraestutura e de reformas das escolas.

GOVERNO REQUIÃO/PESSUTI (Compromisso Osmar )
- Reajustes salariais.
- Recomposição da SEED na formulação das políticas públicas.
- Eleição para Diretores.
- Concursos públicos para mais de 40 mil professores, pedagogos e funcionários de escola (agente educacional I e II).
- Alteração da Constituição do Paraná aumentando os recursos da Educação para 30%.
- Hora-atividade de 20%.
- Aprovação dos Planos de Carreira dos Professores e Funcionários.
- Implementação do Cargo de 40 horas com dobra de padrão.
- PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional com dispensa dos professores de 100% da carga horária no primeiro ano e 25% no segundo ano do programa nas Universidades Públicas.
- Elaboração e implementação das Diretrizes Curriculares Estaduais de forma coletiva.
- Retorno dos Cursos de Magistério, dos Colégios Agrícolas e da Educação Profissional.
- Escola integral gradativa e contraturno: por meio de programas como “Viva a Escola”, “Mais Educação”, “Sala de Apoio”, “Segundo Tempo”, “Precuni”;
- Implementação de Programas de integração curricular - FERA/COM CIÊNCIA.
- Retorno dos Jogos Colegiais.
- Programa Paraná Alfabetizado.
- Implementação das políticas da Diversidade (sexual, racial, educação do campo, quilombola, indígena).
- Merenda escolar com compras diretas da agricultura familiar.
- Gratificação das (os) secretárias (os) das escolas.
- Elaboração, pelos professores da rede, do Livro Didático Público para todos os alunos do Ensino Médio e de todas as disciplinas da matriz curricular.
- Melhoria dos espaços escolares: TV Multimídia, Paraná Digital, Biblioteca do Professor e TV Paulo Freire.
- Expressiva ampliação do acervo bibliográfico à disposição dos estudantes e professores.
- Programas de Formação Continuada descentralizada, não só de professores, mas envolvendo todos os profissionais da educação a fim de melhorar a qualidade do ensino e possibilitar a progressão na carreira.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Corta o dízimo!

Olhem essa, o grupo Católicas pelo Direito de Decidir reponde aos bispos brasileiros:
No final de agosto último, a Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, elaborou um texto com o propósito de orientar seus e suas fiéis sobre como votar bem nas próximas eleições. A Presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, por sua vez, divulgaram nota em que afirmam acolher e recomendar a divulgação dessas orientações.

Católicas pelo Direito de Decidir, após tomar conhecimento do teor desses documentos, vem a público manifestar seu estranhamento e repúdio às afirmações falaciosas presentes no referido texto, o que de forma nenhuma condiz com o que esperamos de líderes religiosos que deveriam ser exemplo de ética e correção, especialmente ao assumir tarefa que não é própria do âmbito religioso, ou seja, interferir nas eleições, dirigindo-se inclusive a não católicos/as.

Como católicas, estranhamos que Igreja católica no Brasil, que há 30 anos orientou cristãos e cristãs a participarem da política sem assumir posições partidárias, venha agora a público fazer uma campanha tão declaradamente contrária à candidata do atual governo, distorcendo informações e faltando com a verdade. Se não, vejamos:
(Leia o resto clicando AQUI)

O texto dos bispos faz campanha descarada contra o PT. A última vez que se registrou coisa assim foi na "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", aquela boçalidade monstruosa de 1964, que antecedeu o golpe. Percebi uma involução na Igreja nas últimas décadas, mas esta foi insuperável. Corta o dízimo. Vou entregar o dinheiro diretamente aos pobres.

Educação em tempo integral

A proposta do Osmar - mais que dele, do seu partido, o PDT, o que nos remete a Darcy Ribeiro e os CIEPs - para a educação inclui a educação em tempo integral. Confira clicando aqui.

Trata-se de uma ideia que já passou da hora de ser implantada. Nossa população envelhece, a taxa de natalidade diminui, e as mesmas instalações escolares podem ser melhor aproveitadas. Só que não se faz escola só com prédio, é preciso gastar, e muito, com mais recursos humanos, professores e funcionários. Se o Osmar disser que faz escola integral sem contratar gente, desconfie. Custa caro. Mas vale a pena.

Mas como implantar? Em primeiro lugar, é importante que os pais saibam que escola não é depósito de aluno. Educação integral é para atingir antes de qualquer outra coisa, objetivos de melhoria da educação, não de resolver o problema dos pais de ocupar os filhos diminuindo-lhes o tempo livre. Senão, vão querer colocar as crianças e jovens das 7 da manhã às 7 da noite. Calma lá.

Calma lá também os técnicos da SEED, diretores e muitos colegas professores. Escola em tempo integral não é para abarrotar os alunos de aulas tradicionais, embora seu número possa ser ampliado. E, principalmente, a indecente recuperação paralela pode ser abandonada em favor de aulas de reforço, com professores devidamente remunerados. Se não é mais a nota a forçar o aluno a estudar, que seja a ameaça de ter que ir para o reforço enquanto os que estudaram fazem esporte, oficinas, trabalhos manuais, arte.

Os adolescentes, sobretudo, têm mais dificuldade de concentração cedo, comprovam diversas pesquisas. É improdutivo começar a aula muito cedo, e se temos horários mais flexíveis, é civilizado começar às 8 e meia ou nove da manhã.

O que fazer, em termos educativos, para que o tempo adicional da escola integral seja bem aproveitado? Como já foi dito, reforço para os que tenham dificuldades com alguma matéria ou com o fato de que precisam estudar para aprender. E para os demais? Aí é a hora da escola propiciar condições para uma formação não somente cognitiva dos seus alunos. Projetos. Principalmente os projetos que envolvem a iniciativa dos alunos. Grêmio estudantil tem que ser estimulado, senão como formamos novas lideranças políticas de qualidade, minha gente? Cineclube. Jornalismo escolar. Esportes, principalmente treinamento em todas as modalidades, descoberta e desenvolvimento de atletas. Projetos de pesquisa em todas as áreas. Clubes de leitura. Hora da tarefa, com monitoria. Tudo supervisionado por profissionais concursados, ajudados por estagiários das universidades e faculdades, DEVIDAMENTE REMUNERADOS!!!!

E o PSDB? Vai voltar com as políticas do Jaime Lerner, Faxinal do Céu, Correção de Fluxo, repaginadas? Vai fazer como as prefeituras do PSDB que descartam os livros do PNLD e compram apostilas de sistemas privados de ensino? A proposta de Richa também tem uma certa condição genérica, mas não fala em educação integral, veja clicando aqui.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Bolsa família

Afinal foi o FHC que inventou o bolsa escola, não é? A diferença é que ele fazia um programa acessório e desimportante, não um sistema de transferência e renda de amplas proporções, como o Bolsa Família.
De fato, tem que saber muito pouco sobre o que é, como funciona e quais os efeitos do Bolsa Família na economia e na vida das pessoas para comparar com distribuição de cestas básicas que os coronéis faziam, para dizer que se trata de um programa para garantir votos para o Lula. O programa só não é melhor porque passa pelas prefeituras, quando o projeto original é que passassem por conselhos populares, na ideia original do Fome Zero.

Veja uma análise séria e independente do programa clicando aqui. Veja isso também.

Eu até acho que o maior resultado eleitoral não vem exatamente dos que recebem o benefício, que são pouco mais de 10 milhões de famílias. Acho que o resultado vem do resto da sociedade que convive com uma economia dinamizada porque se injeta dinheiro na base da sociedade, e movimenta o mercado de todas as regiões do país.

domingo, 29 de agosto de 2010

O que Lula responderia? Mais uma mensagem anti-Lula

Dessa vez recebi um email preconceituoso até a raiz, só que pelo jeito é uma coisa velha requentada, da eleição de 2006. Mesmo assim, fiz um exercício de como o Lula responderia o "questionário":
-------

Se esta mensagem circular de maneira vigorosa, o Jornal Nacional vai ter que enfrentar o Lula e perguntar aquilo que todos nós queremos saber.
Queremos que Bonner e Fátima façam as perguntas a Lula que o Reinaldo Azevedo sugere para a entrevista do Jornal Nacional:

1) O senhor prometeu criar 10 milhões de empregos e chegará ao fim do mandato criando quatro milhões. Neste tempo, a renda da classe média caiu, e os empregos gerados se concentram na faixa de até 2 salários mínimos. A chamada distribuição de renda do seu governo não se faz à custa do empobrecimento dos menos pobres?

Resposta provável de Lula: o senhor deve estar olhando a planilha de dados da Argentina. Esses dados esão completamente fora da realidade brasileira. O sr. se refere ao primeiro ou segundo mandato? No primeiro eu prometi 2 milhões e criei quatro. Segundo o IBGE a classe média só cresceu e milhões de pessoas saíram da miséria absoluta.

2) O Senhor disse que banqueiro lucra no seu governo e, por isso, não precisa de Proer. O Senhor sabe quantos Proers o Brasil paga por ano para sustentar os juros reais mais altos do mundo?

Resposta provável de Lula: experimenta perguntar ao PSDB, que criou essa armadilha em que caímos. Quando eu entrei os juros eram de 26%, e agora dão de 10%. Leva tempo para limpar a herança maldita dos tucanos. Transatlântico não dá cavalo de pau!

3) O seu filho, até bem pouco tempo antes de o Senhor assumir a Presidência, era monitor de Jardim Zoológico e, hoje, já é um empresário que a gente poderia classificar de milionário. O Senhor não acha uma ascensão muito rápida?

Resposta provável de Lula: ascenção rápida não é problema, o problema é insinuar sem provar. Depois que provarem que ele fez algo ilegal, eu respondo essa pergunta, e a gente tem certeza é que a filha do FHC recebe do Senado sem ir trabalhar.

4) Genoino sabia do mensalão. Silvio Pereira sabia do mensalão. Dirceu sabia do mensalão. Ministros foram avisados do mensalão.
Só o senhor, da cúpula, não saberia. O senhor não acha que, nesse caso, não saber é tão grave quanto saber? E se houver mais irregularidades feitas por amigos seus que o senhor ignore?

Resposta provável de Lula: foi meu governo que deu meios e liberdade para a polícia federal investigar. Quantas operações da PF você viu no governo FHC. Além disso, combati a corrupção com muito mais eficiência fazendo funcionar a Controladoria Geral da União e o Portal da Transparência. Todos sabem que a corrupção é endêmica no Brasil, e está por todos os lados. O que diferencia os governantes não é se eles tem ou não aliados sob investigação (vamos lembrar que não houve condenação judicial final para os mensaleiros, só condenação política), é o quanto eles criam e favorecem mecanismos de combate à corrupção.


5) Presidente, na sua gestão, as invasões de terra triplicaram, caiu o número de assentamentos e mais do que dobrou o número de mortos no campo. Como o senhor defende a sua política de reforma agrária?

Resposta provável de Lula: reveja os dados que o sr. tirou sabe-se lá de onde e revise os números de financiamento para a agricultura familiar.

6) O senhor não tem vergonha de subir em palanque onde estão mensaleiros e sanguessugas?

Resposta provável de Lula: o palanque do Serra também tem, meu caro, tem o DEM do Mensalão de Brasília e o Eduardo Azeredo, do mensalão mineiero. Se eu for exigir palanque 100%, não subo em nenhum. Larga a mão de, como diz o Roberto Jefferson, fazer cara de virgem no prostíbulo.


7) Presidente, em 2002, o Brasil exportava a metade do que exporta hoje, e o risco país era sete ou oito vezes maior. O país pagava 11% de juros reais. Hoje, continuamos a pagar mais de 10%. Como o senhor explica isso?

Resposta provável de Lula: veja como o país melhorou, hein? E a trajetória dos juros é descendente.

8) Em 2002, o governo FHC que o Senhor tanto critica repassou para São Paulo, na área de segurança, R$ 223,2 milhões. Em 2005, o seu governo repassou apenas R$ 29,6 milhões. Só o seu avião custou R$ 125 milhões. Não é muito pouco o que foi dado ao Estado que tem 40% da população carcerária do país?

Resposta provável de Lula: ora, São Paulo tem governo do PSDB há 16 anos, quando o PCC estava quebrando tudo eu ofereci a Força Nacional e o tucano não quis. E de onde você tirou esses dados?


9) Quando o Senhor assumiu, o agro negócio respondia por mais de 60% do superávit comercial. Quase quatro anos depois, o setor está quebrado, devendo R$ 50 bilhões. O Senhor não acha que o seu governo foi um desastre na área?

Resposta provável de Lula: Não, meu bom homem, já descobri seu problema, seus dados são de 4 anos atrás. Hoje, em 2010, o agronegócio está bombando, apesar da crise internacional de 2008, que, no fim, foi mesmo uma marolinha pra gente. Mesmo! Agora, deixa a Dilma falar, que ela é a próxima presidente. Abraço!


Esta é uma corrente... .
Funciona assim:
Se você passar este e-mail para pelo menos 10 outras pessoas e estas passarem para outras 10, e assim por diante, ao final de outubro um milagre irá acontecer e beneficiará você e sua família e a todas as famílias que repassaram esta corrente .Já se você simplesmente ignorar esta corrente, não a repassando, ao final de outubro você será amaldiçoado com o pior de todos os pesadelos: aturar a ``perereca ignorante`` por quatro longos anos de sua vida!!!!
Pense bem !!
Resposta provável de Lula: puxa, esse email é de 2006!! E aí, depois de ter engolido o sapo barbudo de novo, que tal o desempenho da Dilma nas pesquisas?

Vamos relembrar

as "qualidades" do nosso Presidente :

-ele não estudou;
Resposta provável de Lula: Ah, por favor, essa história de novo? Eu fiz SENAI, isso não basta? Está xingando os milhões de trabalhadores que fizeram SENAI? Além disso, a universidade da militância política, da preparação para campanhas e debates, são poucos brasileiros que têm.
-ele NUNCA trabalhou, apesar de ser "Líder" dos trabalhadores;
Resposta provável de Lula: trabalhei desde criança, como vendedor, engraxate e auxiliar de escritório. Depois de formado no SENAI, trabalhei em metalúrgicas e finamente na Aços Villares, onde trabalhei desde 1966, até me tornar presidente do sindicato dos metalúrgicos.
-ele tem um belo salário como Presidente;
Resposta provável de Lula: e você queria que eu fosse presidente de graça, que nem o ..., o...., puxa, nenhum presidente trabalhou de graça!!!!!
-ele tem um belo salário do Partido, sem trabalhar;
Resposta provável de Lula: Tá desatualizado, amigo, eu recebia salário do PT quando era presidente da sigla, hoje não recebo mais.
-ele também recebe pensão como ANISTIADO (????)
Resposta provável de Lula: Minha carreira como sindicalista foi interrompida pela ditadura, porque as greves do ABC ameaçaram os generais. Fui preso por causa disso, mas ajudei a apressar o fim desse regime que tanto custou ao país.
-ele tem aposentadoria;

Resposta provável de Lula: meu caro, eu estou com 65 anos, trabalhei desde criança, depois fui sindicalista e político. Por algum motivo eu não deveria ter aposentadoria?
-ele tem filhos estudando no exterior;
Resposta provável de Lula: tem alguma lei que proíba?
-ele não paga aluguel da mansão onde mora;
Resposta provável de Lula: Essa história de novo? Meu caro, eu moro em um apartamento em São Bernardo, toda a imprensa sabe, assista o filme Entreatos e você vai ver minha casa por dentro.
-ele desconhece os preços de supermercado, padaria ,farmácia, açougue, etc;
Resposta provável de Lula: Tá. Você quer que eu tire duas horas por semana pra fazer supermercado e feira, né? Que nem o ... o.... Puxa, nenhum outro presidente fez supermercado e feira! Que ridículo!
-ele viaja ( e muito ) de avião luxuoso comprado com nosso dinheiro só para ele;
Resposta provável de Lula: Meu querido, o avião é do povo, o presidente só usa. O FHC e o Sarney já viajaram nele quando o papa morreu e a gente foi para o enterro. Você queria que eu levasse eles para o enterro no sucatão, que era o avião que a presidência tinha antes? Não, o avião não é meu, não, agora ele vai ficar pra Dilma, que depois vai repassar para o próximo presidente.
-ele tem carros;
Resposta provável de Lula: É contra a lei?
-ele não fala inglês, espanhol ou outra língua, nem o português;
Resposta provável de Lula: engraçado, eu não falo português e o povo me entende, me elege, reelege, e pelo jeito vou fazer a sucessora. O Bush fala outra língua que não o inglês? Você sabe o que é um intérprete? Então.
-ele tem ternos italianos;
Resposta provável de Lula: você andou fuçando meu guarda-roupa?
-ele tem fazendas;
Resposta provável de Lula: Tenho não. Tenho é bursite.
-ele não tem experiência administrativa ;
Resposta provável de Lula: Ah, isso eu tenho. Tem muita gente por aí dizendo que eu fui o melhor presidente que o Brasil já teve, não deve ser à toa.
-ele não tem humildade;
Resposta provável de Lula: respeito sua opinião, mas o povo simples não concorda com ela.
-ele traiu todos seus compromissos de campanha;
Resposta provável de Lula: Acho que não, hein?
-ele defende, hoje, tudo quanto atacava e era contra na política do Presidente anterior;
Resposta provável de Lula: Não é verdade, tem um monte de herança ruim
-ele não tem vergonha em dizer que "é do povo", mesmo vivendo como um rei .
Resposta provável de Lula: Pra ser do povo tem que viver na m.? Vou mandar fazer um barraco nos fundos do Palácio da Alvorada e ir morar lá com a Marisa, fica bom assim?
Detalhe:

"O NOSSO PRESIDENTE", se quisesse, não poderia ser um GARI DE RUA.
O concurso de GARI exige ensino fundamental.
Resposta provável de Lula: Preconceito é uma m... mesmo, além de ter o ensino fundamental, eu passei no concurso público mais difícil de todos, que é a eleição para presidente da república. Duas vezes.
Não se esqueçam!
Foi a Internet que ganhou o plebiscito do desarmamento.
Resposta provável de Lula: pois é, os "homens de bem" continuam comprando armas que os filhos dele usam para se matar, ou os bandidos roubam... Não foi a internet, bobinho, foi o lobby da indústria de armas, como você é ingênuo!
Portanto, podemos vencer essa eleição também, se nos concentrarmos em um candidato melhor que o Lula.
Resposta provável de Lula: Melhor vai ser difícil, mas votem na Dilma, que ela está à altura do desafio.

domingo, 22 de agosto de 2010

Agora eu quero ver fidelidade partidária!!


O Afonso Camargo distribuiu um santinho com os dizeres "Ajude Ponta Grossa". Atrás tinha uma "cola" para o eleitor levar para a urna, com todos os cargos nos quais se tem que votar, com apenas o número dele, para deputado federal, e o do Beto Richa, para governador. Ou seja, ele não quer perder o eleitor de Requião (50% das intenções de voto para o Senado), Gleisi (30% das intenções de voto para o Senado), Dilma (47% das intenções de voto para presidente).

AGORA EU QUERO FIDELIDADE PARTIDÁRIA!!!!!!

Quero o Afonso Camargo dizendo para votar no Serra, batendo na Dilma e querendo tirar o Lula. Quero Afonso Camargo e Sandro Alex dizendo que são oposição e que, se eleitos, vão fazer oposição ao governo da Dilma!! Quero o Plauto fazendo sua tradicional crítica ao PT e ao Lula!!! Não se envergonhem de quem vocês são, isso é tudo o que vocês têm!

COERÊNCIA, MEUS CAROS POLÍTICOS COM BASE EM PONTA GROSSA! NÃO SEJAM SÓ ELEITORAIS, SEJAM PATIDÁRIOS. ASSUMAM SUAS ESCOLHAS DIANTE DO ELEITOR, MESMO QUE ISSO TIRE VOTOS!!!!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sem prumo, sem rumo e sem proposta

A desorientação da campanha de Serra é patente. Será que é essa vertigem que está embotando também o cérebro dos produtores de políticas para a educação do governo de São Paulo? Começaram com bolsas e bônus para professores que "se destacam", agora a ideia - tirada de pauta depois da polêmica - é dar um vale-presente de 50 reais aos alunos que frequentarem o reforço escolar.
Sinal dos tempos.
Na minha vida escolar, os melhores alunos ganhavam presentes e reconhecimento dos professores e dos colegas. Hoje, eles são os babacas, cdfs, nerds... Ninguém quer ser como eles, a mídia e a cultura juvenil deploram o bom aluno como se ele fosse um traidor do movimento, um alienígena. Até hoje só lembro do programa Sandy e Júnior, na Globo, valorizando os bons alunos e não os tratando como idiotas.
O bom aluno já via que ele estudava e participava da aula, e o "maneiro" do colega dele que bagunçava e não estudava era aprovado do mesmo jeito. Agora, o "maneiro" vai bagunçar algumas aulas a mais e ganhar um vale-presente de 50 reais.
E o meu querido povo paulista (de cuja terra também sou oriundo) me vai eleger de novo o PSDB para o governo do Estado???? No primeiro turno??????????

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Avaliação dos programas de pós-graduação

Os companheiros pesquisadores que nos representam na CAPES talvez nos coloquem um novo dilema.
Ao que parece, as metas colocadas no início do triênio de avaliação, que esclareciam as condições para um programa passar da nota 4 para a 5, serão alteradas. Antes, o item principal era chegar a "Muito bom" em todos os quesitos de avaliação, principalmente corpo discente e produção acadêmica do corpo docente. Pois bem, a notícia que circula é que a nota 5 só será possível aos programas que, além desses requisitos, tiverem também cursos de doutorado já consolidados, quer dizer, com defesas de tese já realizadas.

No futebol o juiz começa a partida e diz: quem fizer mais gols, ganha. Ao longo do jogo ele vai vendo que o time que deveria perder conseguiu empatar o jogo, o e time que era o favorito, por sua vez, tem mais escanteios. Aos 40 minutos do segundo tempo, ele chama os dois capitães e diz: "olha, pessoal, eu andei vendo as coisas, pensei muito, e decidi que o melhor para a avaliação dos programas de futebol do Brasil é que cada escanteio imposto ao time adversário passa a valer meio gol."

No fim da partida, com dois escanteios a mais, o que era um empate vira a vitória do time favorito.

No futebol brasileiro, tão desorganizado, cheio de problemas, autoritarismo, etc., isso seria impossível. Os torcedores invadem o campo, o técnico cai, o presidente da Federação sofre um atentado, o juiz desaparece. E na pós-graduação brasileira? Tudo bem?

Qual é o efeito?
Os grandes são preservados em sua grandeza, e os pequenos que se conformem com sua pequenez. O que quer quer você faça, tudo permanece o mesmo. Se vamos ter quer esperar até termos um doutorado, e até termos uma defesa, porque esganar-se para ter uma produção acadêmica de nível 5? Para que rigor no credenciamento de novos docentes? Isso é desestimulante e dispersivo.

Oxalá essa informação não se confirme...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Privatização branca da educação não funciona nem nos EUA

Recebi de Elaine Lourenço o link para uma matéria da revista Educação que recomendo. Trata-se um texto de Beatriz Rey chamado "De volta ao começo". A autora traz a opinião da educadora norte-americana Diane Ravitch, que participou do governo Bush e ajudou a criar a lei denominada "Nenhuma criança deixada para trás" (NCLB), que pregava a criação da eficiência na escola pública atraves de meios de gestão empresariais.
Professores e gestores eram vistos como executivos que, se conseguissem bons resultados, seriam premiados com bônus em dinheiro, e, caso contrário, seriam punidos com corte de verbas para a escola e mesmo demissão e fechamento da unidade escolar. Qualquer semelhança com a rede pública de São Paulo - leia-se Alckmin e Serra - NÂO È mera coincidência.
Bom, o fato é que a Diane, estudando os resultados, concluiu que o que é bom para as empresas em busca de lucro (e olha lá,a crise financeira mostrou que as coisas não são bem assim) não é bom para a educação em busca de aprendizado e de cidadania.
Professores e gestores começaram a definir a educação dada segundo os testes. Assim, os alunos eram treinados para o tipo de questão e de conteúdo típico do teste, e aprendiam mais a responder testes do que as disciplinas em si. Submetidas a outro tipo de avaliação, as escolas demonstram ter piorado em vez de melhorado com o genial plano.
Quem para e pensa sobre o nosso ensino médio e o vestibular, PSS e - ao que parece - Novo ENEM da vida também não pode deixar de notar a semelhança. Por isso, talvez, nossos melhores alunos no ensino superior não são exatamente os que melhor passaram no vestibular.
De quebra, o que o tucanato trombeteia como novidade alvissareira já está em dúvida nos lugares em que surgiu. Parece que alguém está sem projeto e não percebeu ainda. Meu medo é que esse povo da educação de SP reestabeleça o Eixo do Mal Curitiba - São Paulo de Ideias Mirabolantes para a Educação que havia no governo do Jaiminho Lerner.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Em clima de Copa do Mundo e de ecologia - CALA A BOCA, GALVÃO!



No final das contas a brincadeira foi parar no New York Times!

O ensino da história da ditadura para militares

Reproduzo abaixo reportagem da FOlha de São Paulo repercutido na lista do GT de Ensino de História e Educação da ANPUH. Que as cúpúlas militares queiram ter sua própria visão enviesada da História, vá lá, mas que queiram educar as próximas gerações nesse libelo autoritário sem qualquer sustentação nas ciências da História e da Educação, não dá para admitir.

Livro do Exército ensina a louvar ditadura
* *Colégio militar usa material de história com perfil diferente do indicado
pelo MEC*


* ANGELA PINHO*
DE BRASÍLIA


A história oficial contada aos alunos dos 12 colégios militares do país
omite a tortura praticada na ditadura e ensina que o golpe ocorrido em 1964
foi uma revolução democrática; a censura à imprensa, necessária para o
progresso; e as cassações políticas, uma resposta à intransigência da
oposição. É isso que está no livro didático "História do Brasil -Império e
República", utilizado pelos estudantes do 7º ano (antiga 6ª série) das
escolas mantidas com recursos públicos pelo Exército. Nelas, estudam 14 mil
alunos, entre filhos de militares transferidos ou de civis aprovados em
concorridos vestibulinhos. De cada aluno é cobrada uma taxa mensal de R$ 143
a R$ 160, da qual estão isentos os que não podem pagar. Mas 80% das despesas
são custeadas pelo Exército.


As escolas militares poderiam utilizar livros gratuitos cedidos pelo
Ministério da Educação a todas as escolas públicas. Mas, para a disciplina
de história, optaram pela obra editada pela Bibliex (Biblioteca do
Exército), que deve ser adquirida pelos próprios alunos. Na internet, o
preço é R$ 50, mais um caderno de exercícios a R$ 20. O Exército afirma que
o material "atende adequadamente às necessidades do ensino de História no
Sistema Colégio Militar".


O livro de história mais adquirido pelo MEC para o ensino fundamental, da
editora Moderna, apresenta a tomada do poder pelos militares como um golpe,
uma reação da direita às reformas propostas por João Goulart (1961-64). A
partir disso, diz a obra, seguiu-se um período de arbítrio, com tortura e
desaparecimentos, em que a esquerda recorreu à luta armada para se
manifestar contra o regime.


Já a obra da Bibliex narra uma história diferente: Goulart cooperava com os
interesses do Partido Comunista, que já havia se infiltrado na Igreja
Católica e nas universidades. Do outro lado, as Forças Armadas, por seu
"espírito democrático", eram a maior resistência às "investidas
subversivas". No caderno de exercícios, uma questão resume a ideia. Qual
foi o objetivo da tomada do poder pelos militares? Resposta: "combater a
inflação, a corrupção e a comunização do país".


*TORTURA*


A obra não faz menção à tortura e ao desaparecimento de opositores ao regime
militar. Cita apenas as ações da esquerda: "A atuação de grupos subversivos,
além de perturbar a ordem pública, vitimou numerosas pessoas, que perderam a
vida em assaltos a bancos, ataques a quartéis e postos policiais e em
sequestros". A censura é justificada: "Nos governos militares, em
particular na gestão do presidente Médici [Emílio Garrastazu, 1969-1974],
houve a censura dos meios de comunicação e o combate e eliminação das
guerrilhas, urbana e rural, porque a preservação da ordem pública era
condição necessária ao progresso do país."


As cassações políticas são atribuídas à oposição do MDB (Movimento
Democrático Brasileiro). "Embora o governo pregasse o retorno à normalidade
democrática, a intransigência do partido oposicionista motivou a necessidade
de algumas cassações políticas", diz trecho sobre o governo Ernesto Geisel
(1974-79). Para o historiador Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro), o livro usado nos colégios militares é problemático tanto
do ponto de vista das informações que contém como pela forma como conta a
história.


"O principal motivo do golpe foi o incômodo causado pela possibilidade de
que setores populares tivessem uma série de conquistas." Mas, para Fico,
mais grave ainda é a forma como o livro narra o período, com uma "história
factual" carente de análise, focada apenas na ação dos governos. "Trata-se
de uma modalidade desprezada inclusive pelos bons historiadores
conservadores", avalia.


*ANÁLISE*


*A "história oficial" e os argumentos interessados*


*HÉLIO SCHWARTSMAN*
ARTICULISTA DA *FOLHA*
Permanece aberta a questão do estatuto epistemológico da história. Definir
se ela é uma ciência e o grau de objetividade de seus juízos envolve uma
controvérsia que dificilmente vai se resolver antes do fim dos tempos.


Numa linha mais pragmática, pode-se afirmar que é do confronto entre
diferentes concepções de historiografia e de como ela se relaciona com os
fatos que se forja a visão que cada época elabora de seu próprio passado.
Assim surge a história oficial, que sempre poderá ser revista de acordo com
novas interpretações, numa demonstração de que às vezes nem o passado é
imutável.


Essa frouxidão epistêmica, típica das chamadas ciências do espírito, está
longe contudo de significar um vale-tudo. Por mais difícil que seja depurar
a ideologia constante de qualquer discurso, enquanto a linguagem conservar
algum valor, haverá narrativas mais ou menos precisas e relatos mais ou
menos honestos.
É perfeitamente razoável debater, por exemplo, os rumos que tomava o governo
de João Goulart. Pode-se também discutir o alcance e o significado social do
chamado Milagre Brasileiro. São questões que comportam legitimamente
interpretações mais à esquerda ou à direita.


A argumentação politicamente interessada, porém, através de eufemismos,
omissões ou falsificações, pode dar lugar a crimes de lesa-historiografia. É
o que faz o livro adotado pelo Exército quando deixa de informar que a
"Revolução levada a efeito, não por extremistas, mas por grupos moderados e
respeitadores da lei e da ordem" derrubou pelas armas um regime
democraticamente eleito -o que, em bom português é golpe de Estado.


Ainda pior, a obra simplesmente deixa de mencionar que setores ligados às
Forças Armadas se valeram de tortura para desbaratar os grupos de esquerda,
o que, independentemente das intenções dos militantes, era proibido pelas
leis editadas pelo próprio regime militar. Em 2007, setores da mídia
conservadora protestaram com razão contra os excessos esquerdistas de um
livro didático, "Nova História Crítica", que foi distribuído para algumas
escolas pelo MEC. Será curioso observar como reagirão agora ao mesmo erro
com sinal invertido.


*OUTRO LADO*


*Não há juízo de valor, afirma comandante *


DE BRASÍLIA
O coronel Silva Alvim, comandante do colégio militar de Brasília, o maior do
Exército, afirma que as escolas militares abordam "apenas o fato histórico",
sem juízos de valor sobre o regime militar. Questionado sobre a omissão dos
torturados e desaparecidos no livro do 7º ano, diz que se trata de um tema
proibido. "Dentro desse culto aos valores e tradições do Exército, esse tipo
de assunto [tortura e desaparecidos] nós buscamos não tratar. Até porque, no
âmbito do Exército brasileiro, essas questões não são permitidas", diz.


Curiosamente, no ensino médio, a apostila adotada pelo colégio militar de
Brasília, feita pelo sistema Poliedro, fala em "ditadura" e "tortura". Mas
"não enfaticamente", responde o coronel ao ser indagado sobre a diferença de
abordagem. Questionado sobre o livro, o Centro de Comunicação Social do
Exército afirmou apenas que a linha didático-pedagógica da obra, adotada
desde 1998, "atende adequadamente às necessidades do ensino de História no
Sistema Colégio Militar". O Ministério da Defesa disse, via assessoria de
imprensa, que o teor do livro "será levado ao conhecimento das autoridades
competentes".

sexta-feira, 11 de junho de 2010

"Governador nomeia o reitor eleito da UEPG"...

... quem dera o Pessutão fosse tão rápido para nomear os professores que passaram no concurso no ano passado e que estão fazendo falta nas nossas salas de aula!

Abriram a cela dos pitbulls reacionários - Aileda de Mattos Oliveira

Recebi por e-mail esse mimo. A professora começa citando Cesare Lombroso (!!!!). Doeu fundo na alma de historiador e educador:

Resistência Democrática: Latrocracia - Aileda de Mattos Oliveira

Dizer que Cesare Lombroso está desacreditado é pouco. Suas teorias foram escorraçadas pela antropologia moderna, e ficou óbvio que ela servia tão somente para dar ares de cientificidade ao racismo mais tosco e insustentável.
É só isso que essa professora que escreveu o artigo tem a oferecer, um ódio cego, um preconceito renitente, tacanho, sofrível, herança do século XIX. Além disso, essa senhora deve imaginar que o governo Lula inaugurou a corrupção, coitada. Não deve saber dos escândalos da poupança Delfim, da Coroa-Brastel, da Capemi (na ditadura militar), das privatizações mal explicadas, por preços vis e emprestando dinheiro às raposas que compraram as estatais, bem como a compra de votos para a reeleição de FHC, o escândalo da pasta rosa, etc. Ela deve pensar que, se o Serra ganhar, vai governar sem os Sarney, Collor, Calheiros, Barbalho e Roberto Jefferson da vida. Deve imaginar que PSDB/PFL não lotearam os cargos de confiança e não pagaram favores aos empresários que contribuíram em suas campanhas. Deve imaginar que corrupção é um problema de "envergadura moral". Pelo jeito, a professora entende de português, mas não de brasileiro.

Precisamos sim:
- dar cada vez mais poderes e recursos para a CGU (se sabe quem é o Lombroso, deve saber o que é a CGU, realizada pelo governo Lula)
- dar cada vez mais espaço à Polícia Federal, como vem ocorrendo com tantas operações desde 2003 (estão até acabando com os nomes decentes de operações policiais...)

Esse denuncismo à la UDN não presta pra nada, esse moralismo de vivandeira de quartel já elegeu Jânio e Collor, e derrubou presidentes eleitos democraticamente. Dessa vez não, minha senhora!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O financiamento da pesquisa - equívocos?

Critica-se a CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino de Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico) por algumas decisões no que se refere a financiamento de pesquisa.
Esses órgãos privilegiam a publicação de artigos como produção científica, e a publicação com quantidade e em periódicos de qualidade é fator primordial na avaliação do pesquisador para a obtenção de financiamento.
Para alguns, como o colega Gerson Martins, cujo texto circulou entre os sindicatos vinculados ao ANDES, os artigos não possibilitam a devida interlocução com os pares, o que é promovido pelas comunicações e publicação de trabalhos em eventos científicos, cuja pontuação, para os órgãos financiadores é pouco relevante.
Temos que reconhecer que, ao menos nas Ciências Humanas e Sociais em nosso país, ainda sofremos de uma cultura em que todos tem muito a dizer e poucos estão ali para efetivamente ouvir e debater. Isso se reflete nos periódicos, em que ainda é pouco comum escrever artigos debatendo artigos de colegas. Soa deselegante, e não estamos acostumados. Então, os periódicos são pobres em interlocução por falta de hábito em nossa comunidade científica, não porque seu formato não permita o debate.
Como a avaliação dos pesquisadores, no final das contas, não é feita exatamente pela CAPES ou CNPq como instituições, mas por pares, a pergunta é sobre qual resultado - o artigo ou a comunicação em um evento - é alvo de maior rigor em sua avaliação, tornando-se um produto mais valorizado.
Num Congresso, o comitê científico trabalha, salvo raríssimas exceções - dando pareceres em grandes quantidades e não poucas vezes sobre resumos (ainda que esta tendência esteja sendo revertida nos encontros mais consolidados). O avaliador tende a ser mais condescendente porque os trabalhos geralmente são de caráter mais imediato, pesquisas e reflexões em elaboração. Nos periódicos, a avaliação pelos pares é mais rigorosa: o volume por parecerista adicionado ao fator tempo é favorável a uma leitura mais detida e criteriosa. O avaliador tende a ser mais rigoroso e a exigir resultados consolidados e uma reflexão bem acabada.
Já a publicação de livros, tão típica das Ciências Humanas, tem estado "na mira" dos comitês da CAPES (nossos pares, não nos esqueçamos) por um motivo óbvio: é possível ao autor pagar a própria edição sem passar por um comitê editorial rigoroso. Mesmo um comitê editorial famoso não garante o rigor: se eu for amigo do editor ou se ele me deve algum tipo de favor ou consideração, o livro pode dar a volta à avaliação e sair por uma editora famosa e bem avaliada. Se isso ocorre com um periódico, ele perde totalmente a credibilidade. Com os livros, isso não chega a ser raro.
Não é por isso que os encontros vão acabar. Pelo contrário, eles têm crescido cada vez mais. E se especializado, também, havendo oportunidades para interlocução em todos os níveis da carreira. O caráter de espaço em que se fazem novos contatos com pessoas de nossas áreas de interesse não se perde. Além disso, na era do e-mail, do skype, das mensagens instantâneas, a comunicação e a colaboração entre os pesquisadores acontece em um outro nível. Um pesquisador trancado em seu gabinete pode estar em intensa comunicação com outros pesquisadores, e é geralmente o que estamos fazendo. Esvaziar nossa caixa de mensagens é um eterno "sonho de consumo".
Penso que o problema é outro. Numa abordagem produtivista de ciência, o pesquisador tende a tornar-se um imbecil especializado. Não tem tempo para participação política, sindical, cultural, não valoriza o envolvimento nas discussões e na disputa de espaços para definição dos rumos da universidade e da sociedade. Não lhe interessa trabalhar pela vulgarização do conhecimento científico. Um intelectual despolitizado, aí é que está o grande problema.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Uma eleição histórica na UEPG...

... mas ainda falta informar os dados sobre votos brancos e nulos e abstenções em todas as categorias (professores, funcionários e alunos). Creio que essas porcentagens também serão "históricas". É possível que brancos e nulos superem a votação de Lopatiuk, o que daria à indiferença e à contrariedade o segundo lugar na disputa. A propósito, Lopatiuk foi um candidato de oposição, mas não o representante da oposição, ele foi representante de si mesmo e não conversou nem compôs com outras forças. Se tivesse tentado, não teria sucesso: como não há espaço nem clima para pensar a UEPG a contrapelo, as pessoas estão enfiadas em seus laboratórios tentando publicar e fazer projetos de financiamento para suas pesquisas, e basta. Não há tempo nem espaço sequer para desafinar o coro dos contentes. Fomos acomodados - não sem certa melancolia - ao papel de cientistas e intelectuais despolitizados. Na UEPG, hoje, a discussão propriamente política está no freezer. Candidatos únicos a tudo, que não raro surgem de partos a fórceps: quem quer ser chefe? Coordenador? Representante? Quem tem ganas de ser destratado e desprezado por seu pensar dissonante? Tivemos uma consulta para a reitoria sem política, a discussão que está havendo é jurídica e pragmática, somente. Para além das betoneiras, das motoniveladoras, dos aparelhos de tomografia, das redes de dados, talvez fosse o momento de pensar nas pessoas. "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas." - Machado de Assis.

... e a Assessoria de Comunicação da UEPG não divulgou nosso Colóquio "O que resta da ditadura"...
(PS: Depois publicou, a chefe da Ascom me explicou que foi um problema com o email da assessoria, veja a reportagem no post anterior)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Colóquio "O que resta da Ditadura?"

Juntando quem se preocupa com o fato de que em Ponta Grossa ainda há várias homenagens em nomes de ruas, praças e bairros, à sanguinolenta ditadura militar, organizamos o colóquio "O que resta da ditadura", para discutir as homenagens à ditadura (Movimento "Troque o 31 pelo 15" (trocar o nome do bairro 31 de Março - data do golpe militar - por 15 de março - data da redemocratização do Brasil em 1985)e a reinterpretação da Lei da Anistia.
Abaixo, o cartaz:


Fotos pelo pessoal da disciplina de Fotojornalismo da UEPG e cobertura do evento pela assessoria de comunicação da universidade : aqui

O evento foi coberto também pelo Portal Comunitário.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Jacu Rabudo, antes tarde do que nunca!

Bom, mesmo atrasado, mas pelo menos com a desculpa do lançamento da segunda edição, repercuto aqui o livro Jacu Rabudo, do Hein Bowles, mas remetendo para o blog da Carol, que por sua vez tem um link para uma divertida reportagem da RPC com o autor e a população nas ruas de PG.

"O valor da história hoje" IV

7/05/2010 - MESA A QUESTÃO DA ALTERIDADE NO ENSINO DE HISTÓRIA

A última mesa do encontro foi formada por Cecilia Goulart, Helenice Rocha e Junia Pereira

Cecília Goulart, da UFF, pesquisadora da área da linguagem, sustentou seus argumentos em M. Bakhtin para destacar o tema da alteridade. Enfocou os processos de produção do texto na escola, e o papel dessa instituição de produzir o diálogo entre gerações, nova, antiga e muito antiga, superar o desconhecimento das gerações anteriores, isso não é só da história. Utilizou o conceito bakhtiniando de movimento alteritário, movimento do diálogo, espaço que se podem construir utopias e reconhecer o espaço de cada um sem reduzi-lo a si.

Para a debatedora, a história é o conhecimento mais básico para educar para a mudança - que mudança é essa, qual seu conceito? Passa pela relevância dos alunos se reconhecerem como seres humanos, participantes do mesmo gênero que produziu o passado e que traz a condição de fazer história - abrir-se para o movimento da experiência deles. olhar para a criança olhando para a sua trajetória, seu passado, não basta olhar só para o seu futuro, projetando-o, pensando só a partir das expectativas - filhos das classes sociais diferentes são geralmente vistas apenas em suas limitações, no que lhes falta. Comentário o material coletado pela tese da Helenice Rocha e do material de uma dissertação do ensino de Física. Em todos os casos, o equacionamento ou resolução dos problemas passa pela linguagem, pela dificuldade de formular

A fala de Junia Sales Pereira (UFMG) dedicou-se às Dimensões da recepção e prática da Lei 10.639/03 e 11.645. Anunciou que seu raciocínio vai a contrapelo de um pressuposto que está na lei de que através do ensino de história se produzirá determinadas identidades [mas com a identidade nacional funcionou!]. Procurou fazer a análise das dimensões da recepção das expectativas e tensões postas pela lei na escola - na análise compreende-se o trabalho docente como um trabalho multirreferenciado em ambiente multirreferenciado: compartilhado, relacional, dialógico, mediado por interações. Propôs ler a escola como ambiente de dialogia e contextualização - Bakhtin, Bhabha … - e a docência como circunstanciada, socialmente situada, cria membros de uma comunidade de prática - prática docente, inclusive a aula, é obra coletiva e obra aberta - seu resultado / repercussão não é definido pelo professor sozinho. Asseverou que o professor de história é professor referente para questão da 10639 - quase tão referente quando há um professor negro, que costuma ser referente para isso [mesmo que não queira ou não possa]
Considerou importante também trazer o conceito de recepção, que não é ato mecânico que supõe transmissão de uma mensagem e assimilação direta e unívoca de uma mesma mensagem - à recepção comparecem conteúdos explícitos e não visíveis - a recepção é o campo da dispersão e da imprevisibilidade.
- Identificou as dimensões da recepção da lei: - polifonia; - natureza experiencial dos conteúdos e discursos abordados; - dimensão axiológica dos pressupostos da Lei em confronto com as concepções de história envolvidas
- configurações mais frequentes na sala de aula - um elemento importante é o aspecto religioso - pais de determinadas denominações religiosas boicotam eventos voltados para cultura negra. Conclui com a importante perspectiva de que “você só entende o outro quando se coloca ou quando é colocado no lugar dele”.

A fala de Helenice Rocha (UERJ) foi intitulada “Mundo grande mundo - apontamentos sobre o desafio da diversidade cultural na aula de história”
- a problemática: - surge de demanda de professores das escolas públicas confrontando-se com a secretaria de educação e defendendo o valor do universalismo na história e em seu ensino defentido por professores e por uma tradição das humanidades - isso era o argumento dos professores para não trabalhar com as diversas demandas de identidade, com isso se perderia a história como se aprendeu a ensinar, que serviria para inserir o aluno na humanidade
- consideração de uma diferença que pode contribuir para o aprofundamento ou a diminuição do fosso existente entre diferentes na sala de aula, o da inserção maior ou menor dos alunos na cultura da escrita.
- aula de história é uma ambiente de leitura e que depende de alunos letrados para acontecer.
- argumento escolhido - a possibilidade do exercício de um “universalismo romàntico” na ação do professor de história considerando a natureza de seu objeto de conhecimento na ambição de alargamento de horizonte cognitivo dos alunos em sua interação pela linguagem oral e escrita, constitutiva do conhecimento histórico escolar. O “universalismo romântico”(perspectiva de incorporação do pensamento pós moderno, que pode ser também chamado de neorromântico) pode ser capaz de pluralizar essa história universal. O universalismo foi relacionado como forma de constituição do conhecimento histórico nos quadros de exercício do racionalismo. A debatedora fez ainda a defesa da tensão necessária entre o universalismo e o neorromantismo: um unversalismo romântico como postura teórico-metodológica diante dos desafios contemporâneos da história e de seu ensino. Por fim, desenvolveu a análise de narrativas verbais e não verbais presentes em aulas.

"O valor da história hoje" III

7/05/2010 - MESA REDONDA O PARADIGMA DO NACIONAL

Essa mesa foi composta por mim, por Ricardo Oriá e coordenada por Luiz Reznik.
A fala de José Ricardo Oriá (assessor legislativo na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, doutor em educação na USP, orientadora por Circe Bittencourt) sustentou-se na discussão da literatura escolar e identidade nacional. Trabalhou com a literatura cívico-patriótica, pedagógica, livros de leitura / Viriato Correia, Afonso Celso, com o referencial teórico (para a identidade nacional) de Nestor Garcia Canclini. Fez menção à sua participação no projeto LIVRES (LIVRos Escolares) da USP, que atua com base no referencial de Alain Chopin, o que leva a uma definição ampla de livro escolar, incluindo livros de referência, paradidáticos, etc.
- Identidade nacional é uma construção narrativa que se utiliza de disciplinas diversas - história, geografia, línguas - e diversos outros fatores para sua constituição. Depende de um passado comum, que permite o pertencimento a uma determinada sociedade; é geralmente baseada em um mito fundador, rituais cívicos e símbolos nacionais, e recebe o aporte do trabalho de livros didáticos, museus e monumentos
- As “cartilhas de nacionalidade” (segundo Oriá) ou “livros de instituição” (termo de Chopin para textos fundadores na literatura escolar de um país) no Brasil seriam “Através do Brasil” de Manuel Bonfim e Olavo Bilac e “Porque me ufano do meu país” de Afonso Celso (em que aponta, por exemplo, que no Brasil não tem preconceito)

A fala de Luis Reznik (UERJ e PUC-Rio) centrou-se na relação entre nação e região nos livros didáticos, a partir se sua pesquisa sobre livros didáticos regionais nos anos 20. Trata-se da série resumo didático da Cia. Melhoramentos, iniciada pela História de SP (por Rocha Pombo) em 1918. Depois foram publicadas histórias de outros outros 9 estados até 1936 (envolverá por exemplo Pedro Calmon, Lourenço Filho, Pedro Calmon, Cruz Filho).
- Reznik afirmou que havia até pouco tempo na historiografia recente um preconceito sobre os historiadores do IHGB por suas intenções, metodologia e resultados (memorialistas), pelo seu ufanismo / bairrismo, e mais preconceito ainda quando escrevem Lds. Em sua intervenção trabalhou para desconstruir esses preconceitos com os seguintes argumentos - os princípios teórico-metodológicos deles (no caso, no recorte dos que escrevem esses Lds) estão em sintonia com pressupostos atuais, as histórias regionais que produzem não são bairristas, não são percursos de história nacional mal disfarçados como história regional, mas contemplam lógicas próprias dos recortes regionais, preservando as especificidades e o foco narrativo próprio, além do que são diversos entre si, não seguem um modelo. Em suma, as histórias regionais logram não ser estruturadas pelo modelo nacional, mas sim diferenciadas e autônomas.

Minha fala, “Nação, nacionalidade e nacionalismo para o estudante de história” completou a mesa, sendo a segunda a ser apresentada. Assim, Oriá trabalhou com a questão nacional no início do século XX, eu trabalhei com o nacional construído a partir da relação com o internacional para os estudantes de história na atualidade e Luís Reznik fechou voltando à definição do nacional a partir do regional. Mais uma vez, foi possível testemunhar as discussões da Didática da História pondo e explorando temas para a metodologia e a teoria da História.

"O valor da história hoje" II

6/05 - MESA REDONDA TEMPO HISTÓRICO EM TEMPOS DE INCERTEZAS

Esta mesa redonda foi formada por Marcelo Gantus Jasmin, Sonia Regina Miranda e Carmen Teresa Gabriel. Perdi as duas primeiras falas por conta da minha demanda pelo Santo Graal do computador esquecido, que no fim teve um final feliz.



Fala de Carmen Teresa Gabriel
A debatedora aborda o temas pelo seu viés predominante de interesse de pesquisa, que é o do ensino de história pela produção e distribuição de conhecimento. Sustenta a ideia de especificidade e simultaneidade das esferas de problematização do conhecimento histórico.
Carmen propôs-se a pensar o currículo de história na educação básica em um tempo de incertezas já caracterizado nas mesas e intervenções anteriores. Indicou que estes tempos são marcados pelo prefixo pós, que acabou símbolo de algo novo que tentamos nomear nesse momento também novo, em meio às crises da historicidade, da razão, da ciência, das identidades. O EH, por sua vez, é o espaço em que são disputados sentidos e memória. Os tempos de incerteza, entretanto, não são necessariamente sombrios.
- estamos diante de um novo regime de historicidade, após a crise do regime moderno de historicidade.
- Nas escolas debatemo-nos com o problema das aulas da história em que o tempo não aparece, e verifica-se (citando a fala da Sonia Miranda) o reinvestimento nas linhas de tempo como recurso metodológico [o que não inviabiliza pensar diferentes temporalidades]. O professor de história tende a não abrir mão de um tempo da totalidade (oposto de um tempo fragmentado), tempo como processo, referido ao regime de historicidade moderno [certamente isso está relacionado com a demanda da história na escola, de produzir sentido para a história e alguma forma de orientação temporal]. Nesse quadro, é justa a questão: - Como quebrar a linearidade sem perder a inteligibilidade no ensino de história? Esse é mais um dos diálogos que mexeu tanto com o ensino de história quanto com a teoria da história.
- Carmen Gabriel, após essa problematização, aponta que busca saídas no pensamento de Paul Ricoeur da trilogia “Tempo e narrativa” (anos 80), que fornece pistas para pensar aporias do tempo que dicotomizam entre tempo cósmico ou físico e tempo subjetivo vivido pelo indivíduo - defende potencialidade do tempo narrado para articular as 2 formas de narrativa (refiguração do tempo): ficção e história. Discutiu por fim uma pesquisa com textos solicitados a alunos do 3o. ano do Ensino Médio, não produzidos em caráter de avaliação, e à vontade para escrever sobre a história: dos 86 textos, 51 marcam questão da injustiça social para sua escrita e se verificou, por exemplo, grande importância da escravidão como tema para narrar. Além disso verificou-se a presença muito forte da expressão “nada muda” e assemelhadas -idéia de suspensão da ação nos tempos atuais, remetendo a momentos no passado que são marcados pela ideia de ação, de pessoas em movimentos - Ricoeur expressa isso com a expressão “sob o signo do mesmo”. Para ele, a narrativa não é apenas o discurso ou a fala, mas uma categoria teórica, é falar sobre o tempo e torná-lo assim possível. Aborda por fim o conceito de identidades narrativas.

Ao final, tivemos uma apresentação musical do "Bloco do passo", vinculado a educação musical, que foi muito interessante porque ajudou o grupo a refletir de outro modo sobre tempo, temporalidade, identidade e alteridade.

E ainda o lançamento do livro "A escrita escolar da história, memória e historiografia"

"O Valor da História Hoje" - I

Entre os dias 6 e 7 de Maio, tive a oportunidade de participar do Seminário Nacional O valor da história hoje, promovido pelo grupo Oficinas da História, que reúne profissionais da UERJ, UFRJ, PUC-Rio e UniRio. A abertura do evento (da qual não participei) foi feita por Durval Muniz de Albuquerque Jr., presidente da ANPUH. O Grupo Oficinas da História é um grupo modelo de articulação entre história e ensino de história, envolvendo tanto profissionais que se vinculam mais diretamente ao ensino de história quanto historiadores interessados na temática do ensino, tanto como objeto de pesquisa histórica quanto de reflexão didática para a atualidade. O seminário dedicado ao prof. Manoel Luiz Salgado Guimarães, falecido em abril de 2010. A seguir tento fazer um pequeno panorama dessa interessante experiência, destacando um aspecto que me pareceu recorrente, que foi o de um movimento em que a teoria da história e a historiografia colocavam questões para a didática da história e, simetricamente, as discussões da didática da história e da história do ensino de história pontuavam diversas questões para a teoria e a historiografia.

6/05 - MESA REDONDA A QUESTÃO DO PRESENTE E O ENSINO-APRENDIZADO DA HISTÓRIA



Falaram Valdei Araújo, Marcello Magalhães e Ana Maria Monteiro, de diferentes lugares e trajetórias, procurando enquadrar a questão do tempo presente no ensino de história.

Fala de Valdei Lopes de Araújo - UFOP, pesquisador de história da historiografia:
Procurou discutir o enfrentamento do tempo presente na sala de aula do ponto de vista do professor de teoria da história. Comentou a transformação do valor epistemológico do tempo presente - Rüsen - é no presente que a experiência se torna possível e passado e futuro vigoram como efeito e expectativa. Articulou o tema do presente com o da imparcialidade na escrita da história: a passagem do tempo nos ajudaria a entender a história, não pela razão primária de que evita as paixões, mas porque permite visão mais completa, melhor posição cognitiva, melhor articulação entre parte e todo na perspectiva da historiografia moderna.
- o presente pode ser pensado de duas formas complementares, a primeira como presença (convergência de imagens, retensão e protensão) e como época
- Nietzche - revolta contra a confiança historicista no progresso - aponta o valor ético do anacronismo, como possibilidade de não continuar preso a seu passado, mas romper com ele para livrar-se de seus vícios e problemas / W. Benjamin - libertar o passado / tanto Benjamin quanto Nietzche antecipam a crítica da visão moderna da história
- perda de orientação global / alargamento do presente / perda da confiança em realizar o futuro como redenção do presente - perda da história como grande cadeia causal - consequências do alargamento do presente para o ensino de história - sincronismo e anacronismo como ambas possibilidades legítimas de formação e pensamento histórico.
- produção de sentido e orientação devem conviver com outras formas de relação com o tempo - a tarefa da história continua ser desalienação no sentido de ampliar as possibilidades da escrita de dar sentido, desvelar o mundo e entender que também há o reverso do sentido, a falta de sentido, o horror - não basta domesticar a história, estar alienado na crença de que é possível dominar todo o sentido da história
- pensar em formas anacrônicas de organização da experiência histórica para a sala de aula
- a aula - etimologia - situação em que uma lição pode acontecer, além de um local em que uma lição é dada
fala de Marcelo de S. Magalhães - prof. da UERJ / faculdade de formação de professores, pesquisador de história política e cidadania
O ponto de partida desse debatedor foi o seu interesse pelo período de início da República com manuais escolares, e a busca de relação constante entre ensino de história e historiografia.
- Centrou a exposição no trabalho de João Ribeiro, autor de Livros didáticos, cuja trajetória intelectual envolve participação do IHGB - análise de “História do Brasil - curso superior”, obra didática em que Ribeiro passa a apresentar-se como primeiro a escrever a história do Brasil como uma nova síntese para além da descrição dos mandatos dos governantes - reivindica uma história do Brasil do interior
- Os historiadores “positivistas” (os falta de melhor termo) no Brasil oitocentista pouco escreveram história do seu presente, que seria a história do império. Varnhagen, por exemplo, em “História da independência” publicada postumamente, em 1916 colocava-se o problema, para a história do presente, da objetividade e das testemunhas vivas que contestam o historiador.
- Em geral, autores abordados rejeitam a paixão e nos Lds reafirmam a importância do distanciamento temporal. Apesar disso, a dimensão do presente é importante para esses historiadores que achavam que a história é restrita ao passado - eles se permitem discutir o presente em discursos, artigos de jornais, ou seja, fora da produção acadêmica de conhecimento histórico.
- Marcelo Magalhães aponta que João Ribeiro destacou, em seu discurso de posse no IHGB o presente como organizador do passado, e que em alguns casos a imparcialidade pode ser imoral, ainda que proteja os vivos. é possível verificar no pensamento do autor que o presente convive com a condição de interdito para a história (= passado) e com a sua importância pedagógica, motivo pelo qual aparece na obra didática e nos programas oficiais

Fala de Ana Maria Monteiro, diretora da FE da UFRJ
O ponto de partida da debatedora é o dos estudos de didática e currículo, interessada na investigação do estatuto epistemológico da Didática, que conduz à necessidade de diálogo com os historiadores.
Monteiro indica que a prática é tradicionalmente vista como lugar do não saber, da não teoria, o objetivo da palestrante é investigar esse espaço-tempo da prática. Quanto ao conceito de conhecimento histórico escolar: Ana Maria não defende, como os pesquisadores franceses, que seja um conhecimento original, mas concorda com a ideia de que ele produz configurações originais
- epistemologia social escolar / relação dos docentes com os saberes - considera o professor como intelectual, não como um simples transmissor - o que é ensinado não deriva natural e automaticamente da ciência, mas sim produção sociocultural - relações são tão imbricadas e cotidianas que se tornam naturalizadas - não se pensa, por exemplo, na constituição histórica da própria escola
- conhecimento histórico escolar - elaboração mediada por escolhas educativas baseadas em valores (axiológicas)
(não pude assistir a fala até o final porque tive que sair para ir buscar o computador que esqueci no avião no dia anterior - nesse momento a profa. Ana Maria desenvolveu uma discussão sobre o uso do anacronismo nas aulas de história)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Campanha pela memória e pela verdade

A OAB/RJ está fazendo uma campanha pela abertura "ampla, geral e irrestrita" dos arquivos da ditadura. De fato, não é possível a um país continuar sem acertar as contas com o próprio passado. Eu, pelo menos, estou farto de receber mensagens que falam dos "terroristas" que lutaram contra a ditadura e hoje estão anistiados e recebendo pensões (ou suas famílias), ou os agropecuaristas nativos que têm orgulho do "31 de Março".

O texto do abaixo assinado é o seguinte:

Nós, abaixo assinados, apoiamos a Campanha pela Memória e pela Verdade, desenvolvida pela OAB/RJ, em defesa da abertura dos arquivos da repressão política no período da ditadura militar.
Nós, abaixo assinados, consideramos que é direito das famílias dos desaparecidos conhecerem o destino de seus entes queridos.
Nós, abaixo assinados, estamos convictos de que o conhecimento pleno do que ocorreu nos porões da ditadura durante os chamados anos de chumbo é importante para se evitar a repetição da barbárie. Um país que não conhece sua História está fadado a repetir os erros.
Por fim, esperamos que as autoridades do Executivo e do Legislativo, a quem se destina este documento, determinem as providências necessárias para que seja dada publicidade aos arquivos, criando assim as condições para uma verdadeira reconciliação nacional.

O link para assinar é http://www.oab-rj.org.br/forms/abaixoassinado.jsp.

sábado, 1 de maio de 2010

Operação "medo da Dilma"

Está em curso no Brasil a operação "Medo da Dilma", parecida com a que já foi utilizada anteriormente, a operação "Medo do Lula" e "Medo do PT".
Vide Regina Duarte com o monólogo "eu tenho medo"...

O mote agora é o do passado de militante da luta armada contra a ditadura, que ela assaltou bancos e atirou em pessoas. Não à toa, o tema da Anistia, das indenizações para pessoas prejudicadas pelo Estado Brasileiro sob a ditadura e congêneres voltam à cena.
1 - Não se constrói um país com medo.
2 - Essa campanha tem elementos para ser bastante "histórica", se o DEMO-Tucanato conseguir empurrar a Dilma para as cordas desse debate, desviando da comparação entre os 8 anos da presidência do PSDB e os oito da presidência do PT.

domingo, 25 de abril de 2010

José Serra e José Roberto Arruda

Recordar é viver...



... será que o PSDB ainda vai usar um discurso moralista nessas eleições?

domingo, 18 de abril de 2010

O 31 pelo 15 para chegar ao século XXI

Muitos dizem que em Ponta Grossa vigora uma mentalidade atrasada. Por formação e por dever de ofício, não aceito que existam sociedades ou pensamentos “adiantados” ou “atrasados”, pois isso significaria que há um tempo comum em que todos tem que se encaixar, e isso não se sustenta. Mas confesso que às vezes duvido dessa convicção.
O artigo do sr. Taques Fonseca no Jornal da Manhã de 18/04/2010 (“Temos muito orgulho do 31 de Março”) revela quão importante é o debate proposto pelo movimento “31 pelo 15”. Não é questão menor. A forma com nos relacionamos com nosso passado mostra o que somos e principalmente o que queremos ser, como povo. As coisas e pessoas homenageadas nos logradouros públicos são amostras da cultura política coletiva.
Os argumentos de Fonseca, com todo respeito, estão no século XX, reproduzem o discurso político dominante dos anos 60, e o que mais precisamos é estar no século XXI. Qualquer um que tenha acompanhado o debate historiográfico e sociológico sobre a ditadura sabe que exagerar a “ameaça comunista” foi a desculpa para uma parte da elite assumir o poder via golpe militar e reorganizar o estado de modo autoritário dentro de sua visão econômica e social. As elites - rurais, empresariais, financeiras, internacionais - não suportavam o modelo varguista de estado, que limitava seus ganhos. Com os generais presidentes e seus civis de confiança, o “bolo” cresceu, e todos sabemos quem o comeu. Não foi o gato.
Concordo com Fonseca que devemos educar nossos jovens, para que não se confundam. É muito triste ver que há quem não diferencie criteriosamente a democracia da ditadura. Os atos violentos da oposição armada foram um grão de areia perto do banho de sangue que foi a repressão promovida por bandos civis financiados por empresários e pelo estado. Esse banho oficial de sangue é a principal marca do 31 de Março, e não parou mesmo quando derrotaram a luta armada, entrando pelos anos 70 e matando opositores que eram contra pegar em armas, e gente que apenas era contra o regime, incluindo idosos, adolescentes, grávidas...
Não temos aqui nenhum logradouro que homenageie símbolo ou líder comunista. Não se reivindica isso. O que queremos saber é se vamos continuar homenageando a opressão, a censura, a tortura, o terrorismo de estado que se ligam à data de 31 de Março de 64. Viva o 15 de Março, que permitiu achar alguma coisa e continuar sendo achado!

sábado, 17 de abril de 2010

Chega de financiar a Folha / Veja

Bem vindo à Sala de Atendimento ao Assinante do UOL.
Você está sendo atendido por ------------------ (faleconosco@uol.com.br).
Descreva sua dúvida e aguarde alguns instantes para obter a resposta.

(3:54:11 PM) ------------------ reservadamente fala para lfcerri@uol.com.br: Boa tarde! Em que posso ajudar?

(3:54:21 PM) lfcerri@uol.com.br reservadamente fala para ------------------: Quero saber como proceder para cancelar minha assinatura do UOL

(3:54:55 PM) ------------------ reservadamente fala para lfcerri@uol.com.br: O cancelamento de sua assinatura não pode ser realizado via bate papo. Neste caso, recomendamos que contate nossa Central de Relacionamento. Salientamos que este atendimento é prestado de segunda a sábado, das 9:00 às 21:30h.

(3:55:00 PM) ------------------ reservadamente fala para lfcerri@uol.com.br: Os telefones de nossa Central de Atendimento são: 4003-2002 ou 0800-7717774.

(3:55:40 PM) lfcerri@uol.com.br reservadamente fala para ------------------: OK, obrigado

(3:55:45 PM) ------------------ reservadamente fala para lfcerri@uol.com.br: Posso ajudar com mais alguma informação?

(3:56:07 PM) lfcerri@uol.com.br reservadamente fala para ------------------: Queria saber se vc pode repassar aos seus superiores o motivo do meu interesse em cancelar a assinatura

(3:56:58 PM) ------------------ reservadamente fala para lfcerri@uol.com.br: Não realizamos esse procedimento, visto que o cancelamento é efetuado através do atendimento telefônico.

(3:58:30 PM) lfcerri@uol.com.br reservadamente fala para ------------------: Bom, só pra constar:
Depois do resultado Datafolha desse sábado (Serra 10 pontos a frente de Dilma) o grupo Abril perdeu toda a credibilidade para mim, e não quero mais ajudar a financiá-lo.

(3:58:55 PM) ------------------ reservadamente fala para lfcerri@uol.com.br: Sua reclamação será registrada, porém é necessário o contato telefônico.

(3:59:04 PM) lfcerri@uol.com.br reservadamente fala para ------------------: Era só isso, agradeço a informação.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Direita e esquerda no Brasil hoje

Repercuto texto do prof. Emir Sader:

Diante de alguns argumentos que ainda subsistem sobre o suposto fim da divisão entre direita e esquerda, aqui vão algumas diferenças. Acrescentem outras, se acharem que a diferença ainda faz sentido.

Direita: A desigualdade sempre existiu e sempre existirá. Ela é produto da maior capacidade e disposição de uns e da menor capacidade e menor disposição de outros. Como se diz nos EUA, “não há pobres, há fracassados”.
Esquerda: A desigualdade é um produto social de economias – como a de mercado – em que as condições de competição são absolutamente desiguais.

Direita: É preferível a injustiça, do que a desordem.
Esquerda: A luta contra as injustiças é a luta mais importante, nem que seja preciso construir uma ordem diferente da atual.

Direita: É melhor ser aliado secundário dos ricos do mundo, do que ser aliado dos pobres.
Esquerda: Temos um destino comum com os países do Sul do mundo, vítimas do colonialismo e do imperialismo, temos que lutar com eles por uma ordem mundial distinta.

Direita: O Brasil não deve ser mais do que sempre foi.
Esquerda: O Brasil pode ser um país com presença no Sul do mundo e um agente de paz em conflitos mundiais em outras regiões do mundo.
Direita: O Estado deve ser mínimo. Os bancos públicos devem ser privatizados, assim como as outras empresas estatais.
Esquerda: O Estado tem responsabilidades essenciais, na indução do crescimento econômico, nas políticas de direitos sociais, em investimentos estratégicos como infra-estrutura, estradas, habitação, saneamento básico, entre outros. Os bancos públicos têm um papel essencial nesses projetos.

Direita: O crescimento econômico é incompatível com controle da inflação. A economia não pode crescer mais do que 3% a ano, para não se correr o risco de inflação.
Direita: Os gastos com pobres não têm retorno, são inúteis socialmente, ineficientes economicamente.
Esquerda: Os gastos com políticos sociais dirigidas aos mais pobres afirmam direitos essenciais de cidadania para todos.

Direita: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são “assistencialismo”, que acostumam as pessoas a depender do Estado, a não ser auto suficientes.
Esquerda: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são essenciais, para construir uma sociedade de integração de todos aos direitos essenciais.

Direita: A reforma tributária deve ser feita para desonerar os setores empresariais e facilitar a produção e a exportação.
Esquerda: A reforma tributária deve obedecer o principio segundo o qual “quem tem mais, paga mais”, para redistribuir renda, com o Estado atuando mediante políticas sociais para diminuir as desigualdades produzidas pelo mercado.

Direita: Quanto menos impostos as pessoas pagarem, melhor. O Estado expropria recursos dos indivíduos e das empresas, que estariam melhor nas mãos destes. O Estado sustenta a burocratas ineficientes com esses recursos.
Esquerda: A tributação serve para afirmar direitos fundamentais das pessoas – como educação e saúde publica, habitação popular, saneamento básico, infra-estrutura, direitos culturais, transporte publico, estradas, etc. A grande maioria dos servidores públicos são professores, pessoal médico e outros, que atendem diretamente às pessoas que necessitam dos serviços públicos.

Direita: A liberdade de imprensa é essencial, ela consiste no direito dos órgãos de imprensa de publicar informações e opiniões, conforme seu livre arbítrio. Qualquer controle viola uma liberdade essencial da democracia.
Esquerda: A imprensa deve servir para formar democraticamente a opinião pública, em que todos tenham direitos iguais de expressar seus pontos de vista. Uma imprensa fundada em empresas privadas, financiadas pela publicidade das grandes empresas privadas, atende aos interesses delas, ainda mais se são empresas baseadas na propriedade de algumas famílias.

Direita: A Lei Pelé trouxe profissionalismo ao futebol e libertou os jogadores do poder dos clubes.
Esquerda: A Lei Pelé mercantilizou definitivamente o futebol, que agora está nas mãos dos grandes empresários privados, enquanto os clubes, que podem formar jogadores, que tem suas diretorias eleitas pelos sócios, estão quebrados financeiramente. A Lei Pelé representa o neoliberalismo no esporte.

Direita: O capitalismo é o sistema mais avançado que a humanidade construiu, todos os outros são retrocessos, estamos destinados a viver no capitalismo.
Esquerda: O capitalismo, como todo tipo de sociedade, é um sistema histórico, que teve começo e pode ter fim, como todos os outros. Está baseado na apropriação do trabalho alheio, promove o enriquecimento de uns às custas dos outros, tende à concentração de riqueza por um lado, à exclusão social por outro, e deve ser substituído por um tipo de sociedade que atenda às necessidades de todos.

Direita: Os blogs são irresponsáveis, a internet deve ser controlada, para garantir o monopólio da empresas de mídia já existentes. As chamadas rádios comunitárias são rádios piratas, que ferem as leis vigentes.
Esquerda: A democracia requer que se incentive os mais diferentes tipos de espaço de expressão da diversidade cultural e de opinião de todos, rompendo com os monopólios privados, que impedem a democratização da sociedade.

VOCÊ VAI VOTAR EM CANDIDATOS DE ESQUERDA OU DE DIREITA? O SEU CANDIDATO É DE ESQUERDA OU SÓ TEM DISCURSO DE ESQUERDA? ELE JÁ ESTEVE NO GOVERNO? SE ESTEVE, ESSE GOVERNO TINHA DECISÕES DE ESQUERDA OU DE DIREITA?

Seguidores